O Sr. João Morgado (CDS): - A maioria de esquerda é que está a tentar alijar responsabilidades!

O Sr. Anacoreta Correia (CDS): - Peço a palavra, Ur. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Anacoreta Correia, suponho que para dar explicações.

O Sr. Anacoreta Correia (CDS): - Sim, Sr. Presidente. Queria dar um brevíssimo esclarecimento à Câmara.

Para dizer apenas que entendi as palavras do Sr. Deputado Carlos Brito no seu discurso como aquilo que elas são. Não fui eu que escrevi o discurso, não fui eu que o li.

Esse discurso, que nos aparece aqui sob a forma de uma proposta, é apenas e só um insulto e uma ameaça, e isto porque considero que esta não é a norma de tratamento interpartidário em democracia, e foi por isto mesmo que protestei. E o meu protesto renovo-o depois da intervenção do Sr. Deputado Carlos Brito.

Aplausos do CDS.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Queria fazer um contraprotesto a esta acusação, e brevíssimo, como se vai ver.

Quanto à acusação, nego: N,E,G,O.

O meu discurso não é um insulto a ninguém, pois esse não é o meu hábito.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Não é, não!

O Orador: - É uma análise objectiva da situação, contestável, discutível, naturalmente com bastante carga de subjectividade, mas é uma análise objectiva da situação.

Aplausos do PCP.

Entretanto assumiu a presidência o Sr. Presidente Teófilo Carvalho dos Santos.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecasis.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Só gostava de perguntar ao Sr. Deputado Carlos Brito se também é uma análise objectiva da situação o acusar o CDS de todas as malfeitorias de que o acusou no seu contraprotesto. Também será objectividade isso? Também será objectividade criticar um partido que não teve responsabilidades de Governo?

Risos do PCP.

Sr. Deputado Carlos Brito, seria bom que pudesse pôr alguma ordem na sua bancada, porque lhe estou a perguntar coisas objectivas.

O Sr. Vítor Louro (PCP): - Aqui não se dão ordens!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito é?

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, o Sr. Deputado Nuno Abecasis fez-me uma pergunta, é certo que tora do período regimental adequado, mas do meu lado há a compreensão bastante para responder, se o Sr. Presidente me der licença.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Quero dizer ao Sr. Deputado Nuno Abecasis que não temos do CDS a opinião de que é o responsável por tudo. Já uma vez aqui disse que o CDS me lembrava a fábula da rã que queria ser grande como um carneiro..., quer dizer, como um boi.

Risos do PCP e do PS.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Isso é lá consigo!

O Orador - Portanto, não temos essa concepção gigantesca do CDS. Responsabilizamo-lo por aquilo de que nos parece que é responsável, e no caso presente parece-nos que, a atribuir responsabilidades partidárias a um Governo, e não há nenhum Governo que não tenha responsabilidades partidárias, essas cabem ao PSD, que procurou disfarçá-las, e cabem ao CDS, que as assumiu.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. João Morgado (CDS): - É à maioria de esquerda que cabem!

O Orador: - É isso que lhe atribuímos. O CDS retirou deste Governo vantagens e pagará naturalmente perante o povo português também as consequências.

O Sr. João Morgado (CDS): - É o que vos vai acontecer!

O Orador: - Isto não é nenhuma ameaça, mas o que acontece em democracia.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Salgado Zenha para uma declaração política.

O Sr. Salgado Zenha (PS): - Sr. Presidente da Assembleia da República, Srs. Deputados: Em nenhum país da Europa Ocidental o Parlamento tem sido tão atacado e injustamente denegrido pela direita como em Portugal.

Vozes do PS: - Muito bem!