vamente qualquer grão mínimo de autoridade para falar em liberdade sindical.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Muito bem!

Q Orador: - Um projecto destes ninguém com o mínimo de sentimentos de referência histórica e constitucional em relação à liberdade sindical pode apresentá-lo. O projecto de lei do PS é o pior dos quatro projectos de lei apresentados à Assembleia da República. E com isto não estou a prestar uma homenagem ao CDS.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Muito agradecido! Que gracinha!

O Orador: -Dos projectos de lei até agora apresentados o projecto de lei do PS é certamente o mais atentatório, o mais autoritário, o mais disciplinador, o mais hierárquico, o mais totalitário em matéria de direitos, liberdades e garantias. É uma expressão negra da concepção que o Partido Socialista tem de liberdade sindical. Isto é, a liberdade sindical para o Partido Socialista é apenas a liberdade que ele tem de fazer impor, com a maioria que conseguir encontrar na Assembleia da República, o modelo único de organização sindical e de a opor aos trabalhadores. Isto é, a liberdade sindical para o Partido Socialista é a liberdade que os trabalhadores ficam a ter, a partir de agora, de só poderem optar pelo figurino, pela disciplina, pela organização, pelo modelo, pelo croquis que o Partido Socialista lhes quer impor. Isto não é liberdade sindical e a partir deste momento o Partido Socialista deixou de ter qualquer autoridade na matéria.

Aplausos do PC P.

O Sr. Presidente:- Srs. Deputados, são 17 horas e 40 minutos. Como há ainda dois pedidos de esclarecimento e não sabemos o que poderá vir depois deles, pergunto ao Sr. Deputado Sérgio Simões se não poderá estar presente depois do intervalo que se iniciaria agora.

O Sr. Sérgio Simões (PS): - Não posso estar presente, Sr. Presidente. Se o intervalo pudesse ficar para um pouco mais tarde, responderia de boa vontade a todos os pedidos de esclarecimento que me fossem agora feitos.

O Sr. Presidente: - Como penso que a Câmara não sei opõe, faremos então o intervalo mais tarde.

O Sr. Narana Coissoró (CDS):- Com certeza!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para pedir esclarecimentos o Sr. Deputado Domingos Abrantes.

O Sr. Domingos Abrantes (PCP): - Sr. Deputado Sérgio Simões, vê-se que, ao fim e ao cabo, o que o Sr. Deputado tem é uma consciência perseguida por alguns fantasmas e um desses fantasmas é, naturalmente, o movimento sindical unitário.

À guisa de repetir sistematicamente algumas questões, nomeadamente quanto à sua qualidade democrática, o Sr. Deputado foi perdendo a noção das realidades. A propósito da falta de confiança que os trabalhadores dão ao movimento sindical unitário, gostaria de lhe perguntar como é que interpreta que de 142 eleições que se realizaram em 1978 103 tenham sido ganhas pelo movimento sindical unitário. Naturalmente, se não tiverem a confiança dos trabalhadores, como se explica este resultado?

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - O Salazar também ganhava!

O Orador: - E ainda mais: como é que o Sr. Deputado explica também que a CGTP tenha realizado as manifestações do 1.º de Maio com a grandiosidade que tiveram, comparando-as com a da UGT, se não tem, como diz, o apoio da maioria dos trabalhadores?

Ainda quanto às concepções democráticas de que o Sr. Deputado tanto fala gostaria de lhe perguntar se é democrática a violação sistemática da lei actualmente em vigor e que em muitos aspectos o Partido Socialista e os sindicatos ligados à UGT têm sistematicamente violado, se também é democrático formarem-se sindicatos nos gabinetes dos partidos, nomeadamente nos do Partido Socialista e do PSD...

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador. -... e se é democrático que nos sindicatos ligados à UGT, pelo facto de perderem as eleições realizadas democraticamente pelas direcções que estão à sua frente, estas se mantenham ilegalmente à frente» desses sindicatos, como é o caso dos Sindicatos dos Professores do Centro e dos Escritórios do Porto. Gostaria, pois, de saber se tudo isto é democraticamente realizado.

Vozes do PCP: - Muito bem!

Ainda uma outra questão: a greve é um direito reconhecido aos trabalhadores. Mais, é uma arma que a experiência vem demonstrando...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Domingos Abrantes, peço-lhe o favor de abreviar, por que já esgotou o seu tempo.

O Orador: - Acabo já, Sr. Presidente.