Da mesma forma, Srs. Deputados, também não em causa - e dirijo-me particularmente ao Sr. Deputado Carlos Brito - o respeito por todos aqueles que lutaram contra o fascismo, mas sim, e há que afirmá-lo muito claramente, o facto de que nem todos os que lutavam contra o fascismo o faziam pelos mesmos motivos.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador. - Nós lutávamos contra o fascismo para implantar a democracia em Portugal, enquanto os senhores lutavam contra o fascismo para impor a vossa solução e a vossa ditadura.

Aplausos do PS, do PSD, do CDS e dos Deputados independentes sociais-democratas.

Portanto, estou do lado dos que estão contra todas e quaisquer ditaduras, incluindo a vossa.

Vozes do PS: - Muito bem!

Uma voz do PCP: - Está do lado do CDS!

O Orador. - Já foi dito pela vossa bancada, Srs. Deputados do Partido Comunista, que o CDS era um partido democrático nesta Câmara.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Não tem a vossa ditadura, não, Srs Deputados do PCP.

Uma voz do PCP: - O Sr. Deputado Maldonado Gonelha está do lado da carteira cheia.

O Orador: - Srs. Deputados, assim é que realmente não se atinge a dignidade dos trabalhos desta Câmara, pois não é com insultos e injúrias que isso se consegue. Quem diz que eu estou do lado da carteira cheia o melhor é ir ver onde eu moro em Setúbal.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Posso-vos garantir que a minha casa é mais pequena do que o gabinete que tinha no Ministério do Trabalho como Ministro. Por outro lado, a minha origem de classe foi ter sido aluno da Casa Pia e ter trabalhado com um fato-macaco durante dezassete anos como electricista.

Aplausos do PS, do PSD, do CDS e dos Deputados independentes sociais-democratas.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Isso não prova nada!

O Orador: - Já estamos habituados a que todos aquelas que não pertencem ao Partido Comunista ou que não alinhem com vocês são divisionistas, amarelos e, às vezes, fascistas.

Aplausos do PS, do PSD, do CDS e dos Deputados independentes sociais-democratas.

Mas agora, tratada a questão de se saber de que lado estou...

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Nota-se por quem o aplaude?

Vozes do PS: - Somos todos!

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Quem o aplaude é tão digno como o Sr. Deputado e não está vendido a ninguém.

O Orador: - São todos os democratas, o que é natural. E digo-vos mais, Srs. Deputados do PCP se nesta matéria de democracia os senhores me aplaudissem, então é que eu ficava preocupado.

Agora vamos ver o problema da imposição. Diz-se que eu pretendo impor um diploma. Ora francamente! Que eu saiba, sou um Deputado como qualquer dos senhores e tenho todo o direito de propor os projectos de lei que entender. Mais: não o fiz a titulo individual, pois subscrevi, como primeiro signatário, o projecto de lei, em nome do Partido Socialista, sendo o segundo signatário o Deputado Marcelo Curto, o terceiro o Deputado Sérgio Simões, e assim sucessivamente. Portanto, em primeiro lugar, estamos perante um projecto de lei, e será pelo voto democrático desta Câmara que as medidas que ali estão passarão ou não a ser lei. Não sou eu que as imponho, mas sim esta Câmara que vai ou não adoptá-las, e isto é democracia.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador:- Por outro lado, a respeito da UGT...

Risos do PCP.

...penso que realmente a sua formação se deve ás ligações muito íntimas que existem entre o Partido Comunista e a Intersindical, ao hábito de o Partido Comunista falar em nome da Intersindical, e vice-versa ou dizendo coisas iguais. Ora, como eu não sou nem mentor, nem tutor, nem representante da UGT. não é a mim que as questões devem ser postas, mas à própria UGT, e não é a UGT que está aqui a ser discutida.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Está com espírito de humor.

O Orador: - A segunda questão é a seguinte: eu, como secretário nacional do Partido Socialista, responsável pelo trabalho sindicai e pelo sector do trabalho, trabalho com os meus camaradas socialistas que estão na UGT, e que são todos. É portanto natural que eu tenha ligações com eles e com a UGT, mas são ligações partidárias da minha tendência e não qualquer hegemonia do Partido Socialista sobre a UGT.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Vítor Louro (PCP): - Também queria, não?

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Ocupe-se da sua ditadura!

O Orador: - Quanto ao Sr. Deputado Vital Moreira, que pôs a questão de saber que posição é que