mento Eleitoral de forma correcta à emigração. Abertura de mesas de recenseamento nas zonas de maior concentração de trabalhadores e autorização de funcionamento das mesas nas sedes das organizações representativas dos trabalhadores. Recenseamento obrigatório na emigração. Queremos os mesmos direitos políticos que os residentes em Portugal; compete às autoridades portuguesas criar condições para que isto seja realizado. Queremos o direito de voto para a Presidência da República. Propaganda ao recenseamento nos jornais diários de maior difusão com anúncios bem visíveis e em .português. Colagem de informações nas zonas ide maior concentração dos trabalhadores portugueses. Anúncios na Rádio e Televisão do país em português. Funcionamento das Embaixadas e Consulados: Exigimos melhoria dos serviços consulares. Serviços acessíveis, perto das concentrações importantes dos trabalhadores;

d) Serviço jurídico a funcionar de forma eficiente e gratuito;

e) Informação regular e obrigatória às organizações representativas dos trabalhadores portugueses emigrados (associações, grupos culturais, comités de luta, etc., partidos e organizações políticas) com morada de contacto entregue na Embaixada ou secção consular da sua zona de acção, fundamentalmente no que diz respeito a leis e acordos que entrem em vigor. Informação mais frequente e directa com os emigrantes.

11) Fim aos descontos impostos nas transacções bancárias com finalidades sociais (subsídios de amparo e família, etc.).

12) Exigimos uma informação correcta e ao serviço dos trabalhadores na defesa das conquistas de Abril, queremos os programas da Radiodifusão portuguesa especiais para os emigrantes com qualidade e de conteúdo progressis ta.

Face aos Governos dos países para onde emigrámos, a UDP aponta como alternativas de luta fundamentais: Lutar contar o desemprego que atinge os trabalhadores emigrantes e nacionais,

contra as cadências de trabalho, o desemprego parcial, os despedimentos por «insuficiência» profissional, etc.;

2) Lutar contra as más condições de habitação e por uma política de urbanização que preserve a saúde dos trabalhadores, mais parques e jardins (espaços verdes), menos ruído, menos poluição;

3) Lutar contra o aumento constante do custo de vida e da inflação, transportes, rendas de casa, alimentação, vestuário, etc.;

4) Lutar contra as leis racistas e de excepção. Contra os projectos de expulsão progressiva dos trabalhadores emigrantes com indemnizações vergonhosas. Pêlos mesmos direitos sociais e políticos que os trabalhadores nacionais, direito a voto e a representação parlamentar, estatuto de emigrante com as mesmas condições dos nacionais - sem carta de trabalho e com o certificado de residência definitivo -, acesso aos cursos de formação profissional e educação. Segurança social mesmo quando a família do emigrante esteja em Portugal. Regularização dos trabalhadores clandestinos;

5) Lutar e apoiar as lutas dos trabalhadores nacionais e de outras nacionalidades contra as leis antipopulares dos Governos burgueses da Europa que nos querem fazer pagar a crise que eles próprios criaram.

Por último, e uma vez mais, a UDP não pode estar de acordo com aqueles que querem fazer do 10 de Junho o Dia de Portugal e o Dia das Comunidades. E não é o rebaixar a figura do grande poeta que foi Luís de Camões que a UDP visa com esta posição. A arte e a cultura constituem património indestrutível de todo o povo trabalhador e é dever de todas as organizações de esquerda dar a conhecer ao povo aqueles que souberam identificar a sua arte com a vida e a luta do seu povo. Não é, pois, contra Camões que a UDP e muitos trabalhadores emigrantes se insurgem: é contra a escolha dessa data para Dia das Comunidades pelo que &la representou durante muitos anos do fascismo e pelo que ela representa para os que hoje a querem fazer ressuscitar.

Para nós, que emigrámos para fugir à repressão e à miséria fascista, o dia 10 de Junho está-nos bem marcado na memória. Era o dia das paradas militares em que Salazar e Caetano e os altos comandos fascistas amedrontavam o povo e condecoravam os seus criminosos. Nos últimos anos da guerra colonial, muitos familiares nossos foram receber medalhas em cadeiras de rodas ou vestidos de luto.

O 10 de Junho não era o Dia de Camões. Era, sim, o Dia da Raça. O dia em que se afirmava a nossa superioridade sobre os povos irmãos das ex-colónias, enquanto em Portugal se morria de fome e as prisões se enchiam de antifascistas.