imputa ao CDS esse mesmo à-vontade e essa mesma hipocrisia,

0 que é certo, Sr. Deputado, é que eu não disse que o Sr. Presidente da República deu motivos para que eu, como seu eleitor, me sentisse traído pelo facto de ter optado por nomear este Governo pela forma como o fez.

O Sr. Ferreira Lima (PS): - Então em que é que ficamos?

O Orador: - 0 que eu afirmei foi que, na sequência de um conjunto de argumentos apresentados que tinham a ver com as opções políticas concretas que o Sr. Presidente da República tomou, nessa altura me sentia defraudado.

E vou de novo explicar muito claramente, embora esteja escrito naquilo que eu há pouco afirmei, que é inequívoco que pela primeira vez o Sr. Presidente da República designou um Primeiro-Ministro perante a opinião negativa de dois partidos desta Assembleia, que representam, em nossa opinião, a maioria daqueles ...

O Sr. Carlos Brito (PCP): - A minoria!

O Orador: -... que fizeram eleger o Sr. Presidente da República.

O Sr. Salgado Zenha (PS): - São menos do um terço desta Câmara!

O Orador: - Sr. Deputado, se me dá licença, estou a falar do Presidente da República. Ninguém discute a aritmética desta Câmara, somos todos muito inteligentes, sabemos todos as estatísticas e ninguém tem dúvidas sobre o que é a maioria desta Câmara.

VV. Ex.ªs têm, por enquanto, a maioria. Gostosa e democraticamente, reconheço que a têm, não ponho isso em causa. Mas digo também «por enquanto».

Vozes do CDS: - Muito bem!

-, é evidente que o Sr. Presidente da República nomeou alguém que mereceu o consenso destes três partidos. 15to não aconteceu agora, pelo que o assunto, pela gravidade que encerra, merece reflexão o merece aprofundamento. Daí o comentário que eu fiz.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Vital Moreira.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Sr. Deputado Amaro da Costa, depois da - se me permite a expressão fraca performance até agora por si evidenciada, eu temo não ser mais feliz quanto a obter respostas menos equívocas às perguntas que vou fazer. Em todo o caso vou fazê-las.

A primeira é a seguinte: o Sr. Deputado acusou este Governo, entre outras coisas, de, incluindo dissidentes do PSD, isso significar, subjectivamente ou objectivamente, ou as duas coisas, uma hostilização do PSD.

Recordo bem que quando, tempos atrás, o CDS propôs a constituição da Frente Democrática Eleitoral a propôs ao PSD como parceiro principal, mas também aos dissidentes, então recentes, do PSD, surgindo portanto esta dúvida: será que esse acto do CDS, ao abranger no mesmo abraço os dissidentes do PSD, significava, subjectiva ou objectivamente, uma hostilização do PSD? Será que, enquanto estendia a mão por cima da mesa para o abraço fagueiro, o CDS por baixo da mesa espetava uma biqueira cavilosa nos artelhos do Dr. Sá Carneiro?