a sua posição política de oposição ao Governo, mas desencadearam também os mecanismos constitucionais que, por hipótese, a serem levados a cabo, implicariam a demissão deste Governo.

Ora acontece que, nos termos constitucionais, a demissão do Governo nestas circunstâncias implicaria que a Assembleia da República não poderia ser dissolvida a curto prazo, donde surge este problema muito simples: o CDS e o PSD, constituída a Aliança Democrática, inscreveram as eleições, em certos termos, como o seu objectivo principal. Agora desencadeiam um mecanismo constitucional que, se porventura essa moção obtivesse aprovação, impediria a dissolução da Assembleia. Daí a questão: afinal o CDS queria as eleições ou, afinal, só queria as eleições em certos termos, designadamente com o Governo Mota Pinto o com o referendo?

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Amaro da Costa para responder.

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sempre, que o Sr. Deputado Vital Moreira diz que eu fiz uma fraca performance fico muito contente porque ele só diz isso quando sente necessidade de explicitar exteriormente esse tipo de apreciações negativas, porque sentiu claramente que eu, neste caso, ganhei e marquei pontos.

Risos do PCP.

Quando, naturalmente, as minhas performances são más, isso é de tal forma evidente para toda a gente que o Sr. Deputado não tem necessidade de interpretar a consciência pública, confiando nela. Mas quando não é assim julga-se na obrigação...

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Presunção e água benta...

O Orador: - A presunção neste caso é proporcional, Sr. Deputado Vital Moreira. Assumo-a como uma máscara.

Vozes do CDS: - Muito bem!

Uma voz do PCP: - A máscara da avózinha!

O Orador: - Eu sou avózinha, mas prefiro mais ser avózinha do que lobo mau.

Máscara por máscara, há quem tenha as suas preferências.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Essa vai-lhe a preceito.

O Orador: - Quanto à questão que o Sr. Deputado me pôs, de facto, a questão pretendia, essa sim, ser uma biqueira cavilosa nos artelhos da Aliança, mas é apenas, se me permite uma expressão um pouco mais grosseira, um bocadinho de saliva atirada para o ar.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - É perspicaz!

O Orador: - Não explico mais, porque é um pouco inconveniente. Mas, eu quero dizer-lhe simplesmente o seguinte, Sr. Deputado: não tem qualquer comparação o facto de propor a vários grupos políticos, abertamente e era igualdade de circunstâncias, como foi o caso em 11 de Abril, um diálogo político para a construção de uma determinada realidade com outra coisa muito diferente que é formar-se um Governo concreto que se afirma isento e imparcial e que, naturalmente, privilegia um lado em detrimento do outro. Essa é a diferença substancial. A pergunta não tinha necessidade de ser explicada, mas como o Sr. Deputado gosta muitas vezes de fazer dessas brincadeiras, eu explico-lhe, que é para as pessoas não pensarem que eu não quis explicar.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Não explicou nada que eu percebesse.

O Orador: - Isso é natural. Eu nunca tenho a pretensão, em primeiro lugar, de convencê-lo, em segundo lugar, de esclarecê-lo e, em terceiro lugar, de elucidá-lo. O Sr. Deputado nasceu convencido, sabido e industriado ...

Aplausos do PSD e do CDS.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Ainda bem!

O Orador:- ... e o seu partido, colmata as eventuais deficiências que possa ter e com certeza, como qualquer ser humano, tem.

Risos do CDS.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - 0 que não se nota desse lado!

Riso do CDS.

0 CDS, naturalmente, deseja as eleições, mas não as deseja a qualquer preço.

Vozes do CDS: - Muito bem!

Vozes do PCP - Ah!!!

O Orador: - Não deseja as eleições pelas eleições.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Já não as quer!

O Orador: - Para o CDS as eleições são o acto constitucional e democrático fundamental para se dar ao País uma nova perspectiva de estabilidade e de