nome de que igreja? Em nome de que grupo de católicos? Ao fazê-lo, o Sr. Deputado fala em nome da igreja católica universal, ou em nome de alguns católicos iluminados?

O Sr. Cabral Fernandes (CDS): - Nós é que perguntamos isso ...

A Oradora: - Por último, Sr. Deputado, o meu protesto é tanto maior quanto penso que V. Ex.ª, neste momento, deu aqui um primeiro passo extremamente negativo que só põe em causa a Aliança...

Vozes do PSD e do CDS: - Outra vez!!!

Aplausos do PS, da UDP, dos Deputados independentes sociais-democratas e de alguns Deputados do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecassis para responder, se assim o entender.

O Sr. Nuno Abecassis (CDS): - Sr. Presidente, se me dá licença, em primeiro lugar queria responder ao Sr. Deputado Manuel Monteiro.

Sr. Deputado Manuel Monteiro, tenho pena que me acuse de retrógrado, quando V. Ex.ª deu prova aqui de que mais retrógrado que o Partido Comunista só o seu Partido porque ainda pensa que a justiça social se faz matando pessoas, mesmo que elas sejam nascituras!

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Eu sempre defendi nesta Assembleia que não é assim que se faz justiça social e sempre me revoltei contra as mesmas coisas que o Sr. Deputado se revolta. Simplesmente, considero imoral que uma sociedade não tenha outra solução para resolver os seus problemas se não matar crianças que ainda estão para nascer, e com isso não posso concordar de maneira nenhuma.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. António Arnaut (PS): - Podem-se matar à fome, por exemplo!

O Sr. Manuel Monteiro (UDP): - Isso é demagogia!

O Orador: - Mas como não tenho mais tempo, não lhe direi mais nada.

Quanto à Sr.ª Deputada Teresa Ambrósio, devo agradecer-lhe toda a consideração que manifestou por mim, mas devo lastimar, no entanto, que a sua fúria tivesse sido tão grande que não entendeu absolutamente nada do que eu disse.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Carlos Lage (PS): - Entendemos até muito bem!

O Orador: - E o que mais me penaliza é que também não entendam nada da minha actuação parlamentar ao longo destes anos, porque, Sr.ª Deputada, desafio-a a si ou seja a quem for que esteja nesta Assembleia que diga o dia e apresente o Diário que eu invoquei a Igreja para dar cobertura às minhas posições.

Vozes do CDS: - Muito bem!

Protestos do PCP.

O Sr. Francisco Vidal (PS): - Hoje!

O Orador: - Eu, desde a primeira intervenção que aqui fiz, sempre me afirmei como católico, mas nunca, nem uma única vez, invoquei a Igreja para dar protecção às minhas posições.

Protestos do PS e do PCP.

O Sr. Marcelo Curto (PS): - É falso!

O Orador: - Nem hoje o fiz, Srs. Deputados! E se têm dúvidas leiam o que está escrito.

Nunca eu critiquei, nem nunca criticaria, qualquer opção ou qualquer linha de salvação de qualquer católico, e, portanto, não o fiz em relação à Sr.ª Primeiro-Ministro, nem nunca o faria. E muito me admira que os Srs. Deputados que aqui comigo conviveram pensassem sequer que eu era capaz de o fazer; mas mais me admira ainda que a vossa fúria e desespero sejam tão grandes que nem sequer tenham entendido o que eu disse!

Risos do PS e do PCP.

Eu referi exclusivamente factos, e se alguma crítica fiz à Sr.ª Primeiro-Ministro foi por ela não ter desmentido uma posição que foi tomada pela imprensa de esquerda - com a qual eu não posso acreditar que ela estivesse de acordo -, pois não posso aceitar que os jornais de esquerda sejam transformados em boletins do Patriarcado, e foi a isto que se assistiu neste passado mais próximo.

Vozes do PCP: - Ah!

O Sr. Agostinho do Vale (PS): - Vê-se nas aldeias!