... a única coisa que sou é democrático e proeuro praticar a democracia. E pode crer no seguinte: não me habituo à ditadura onde se diz quem bate palmas, por quanto tempo e aquilo que se há-de dizer... É a isto que eu não me habituo, às práticas ditatoriais de esquerda ou de direita e devo dizer ainda que considero tão desprezível uma como outra. A ditadura é, para mim, desrespeitadora dos direitos humanos, seja uma ditadura de esquerda ou de direita.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, é de facto desagradável que V. Ex.ª permita que uma Aliança Democrática, que se constituiu permanentemente, seja apelidada de reaccionária, de conservadora, de monárquica, de não sei que mais ...

Risos do PS e do PCP.

Que me conste, Sr. Presidente, nesta Assembleia não têm cabimento Deputados reaccionários...

Risos do PCP.

e que conste, Sr. Presidente, apesar do riso, que não me atrevo a apelidar de alvar, de alguns Srs. Deputados, as pessoas entraram pela mesma porta neste Parlamento!

As pessoas eleitas pelo Partido Comunista, as eleitas pelo Partido Socialista, as eleitas pelo Partido Social-Democrata e as eleitas pelo CDS entraram pela mesma porta ...

O Sr. João Lima (PS): - Falta a UDP!

O Sr. Vítor Louro (PCP): - Esqueceu-se ...

defender -, mas para dignificar esta Câmara ...

O Sr. Carvalho Cardoso (CDS): - Muito bem!

O Orador:- ... porque ela não se dignifica com este tipo de insulto barato e soês, que, efectivamente, não toca a Aliança Democrática, mas que podem ferir a dignidade desta Câmara, o é para V. Ex.ª, como Presidente desta Assembleia, como a segunda personalidade na hierarquia portuguesa, que eu apelo para evitar este tipo de procedimentos que não dignifica nada nem ninguém.

Vozes do CDS e do PSD: - Muito bem!

O Sr. Marcelo Curto (PS): - Não apoiado!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, o conceito de ser ou não reaccionário parece-me que não é ofensivo; em meu entender, não é. É-se ou não reaccionário, sentidamente ou porque os outros o chamam, mas isso não ofende ninguém.

Protestos do PSD.

O Sr. Deputado, no seu entusiasmo e na defesa do seu ponto de vista, não conseguiu - suponho eu que não conseguiu - evitar falar em «riso alvar» a respeito daqueles que se lhe dirigiam de forma menos agradável para com a sua bancada.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Eu disse «não ouso classificar de riso alvar»!

O Sr. Marcelo Curto (PS): - 0 velho truque ...

O Sr. Presidente: - Não ousava, mas foi-o dizendo ...

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado levantou a suspeita de que o Presidente da Mesa não seria isento.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Exactamente!

O Sr. Presidente: - Ora, devo dizer-lhe que tenho procurado sê-lo, e estou convencido de que o tenho sido e quero continuar a sê-lo.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Não parece!

O Sr. Presidente: - E queria ainda acrescentar que o Sr. Deputado ao dizer que o Presidente não é isento, como qualquer outro Deputado, faz um juízo de valor próprio, mas no dia em que a Assembleia me disser isso, ainda que seja por uma insignificância de maioria, eu abandonarei este lugar. Até lá, o conceito do Sr. Deputado ou de qualquer outro Deputado poderá ser muito respeitável mas não é vinculativo.

Aplausos do PS, do PCP, de alguns Deputados independentes sociais-democratas e dos Deputados independentes Lopes Cardoso e Brás Pinto.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Ambrósio.

A Sr.ª Teresa Ambrósio (PS): - Sr. Presidente, só para facilitar a sua missão e porque sou sensível a alguns argumentos do Sr. Deputado Pedro Roseta, peço que na minha intervenção seja rectificado o seguinte: sempre que falo em Aliança será Aliança Democrática, mas acrescento, no entanto, que nós, socialistas, a consideramos conservadora e monárquica.

Vozes do PS: - Muito bem!