ções. Ainda bem. Isso me leva, para terminar, a fazer uma citação de Rudyard Kipling: "Só há dois meios de governar os homens: partir as cabeças ou contá-las", o que é uma maneira simplificada, de dizer que é preciso optar pela democracia ou contra a democracia.

Vozes dos Deputados sociais-democratas independentes: - Muito bem!

O Orador: - Os deputados sociais-democratas independentes optam...

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - Contra a democracia...

O Orador: - ...pela contagem das cabeças e não abdicam do direito de que lhes contem as suas, a menos que lhas cortem.

Tudo são razões, sumariamente expostas pela limitação de tempo de uma declaração de voto, para que tivéssemos votado contra a moção de rejeição do Programa do Governo, apresentada pela Aliança Democrática.

Aplausos dos Deputados sociais-democratas independentes.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, está na Mesa um documento enviado pelo Governo que, se a Câmara não se opuser, me levará a interromper a sequência das declarações de voto para dele dar público conhecimento.

Pausa.

Como ninguém se opõe, passo a fazer a sua leitura. Diz o seguinte:

Ex.mº Sr. Presidente da Assembleia da República

Junto tenho a honra de enviar a V. Ex.ª nos termos e para os fins do n.º 3 do artigo 134.º do Regimento dessa Assembleia da República as propostas de lei abaixo listadas e relativas a autorizações financeiras, alterações orçamentais e outras autorizações legislativas, solicitando ainda a V. Ex.ª que, nos termos dos artigos 174.º da Constituição, 243.º e 244.º do Regimento, seja declarada a urgência do processamento das mesmas.

Mais se solicita a V. Ex.ª que, atenta a conjuntura política em que o Governo apresenta estas propostas de lei, seja com a máxima urgência convocada e reunida a Comissão Permanente para deliberar sobre a convocação do Plenário da Assembleia.

São as seguintes as propostas de lei apresentadas:

legislar sobre concessão de incentivos fiscais e bonificação de juros de crédito para investimento a empresas do sector das conservas de peixe.

Aproveito a oportunidade para enviar a V. Ex.ª os meus melhores cumprimentos.

O Sr. Presidente: - É o que cá está.

Srs. Deputados, em face do documento, convoco para o fim desta sessão uma reunião, no meu gabinete, dos representantes dos partidos a fim de se manifestarem sobre o assunto.

Vamos continuar os nossos trabalhos com as declarações de voto, para o que concedo a palavra ao representante da UDP.

O Sr. Manuel Monteiro (UDP): - Sr. Presidente, Sr.ª Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A UDP tomou uma posição de abstenção perante a moção de rejeição do Programa do Governo apresentada a este Parlamento pelo bloco reaccionário de direita. Quererá isto dizer que a União Democrática Popular tomou uma posição de abstenção em relação a este Programa e a este

Governo? De maneira nenhuma.

A UDP tem uma posição muito clara e quero expressá-la aqui perante esta Câmara e perante os trabalhadores portugueses.

A UDP considera que o Programa do Governo consente em si a política reaccionária do 25 de Novembro imposta pelo FMI; consente em si esta questão central com uma mistura de declarações de boa intenção, mas a UDP, como representante do povo trabalhador, tem a obrigação de tomar posições claras sobre as questões que se lhe colocam e nós pensamos que o essencial é que o Programa do Governo e as declarações da Sr.ª Primeiro-Ministro perante esta Câmara e perante o povo português são declarações que dizem que o essencial da política seguida pelos Governos de Eanes irá ser mantido, no caso concreto da Reforma Agrária, no caso concreto da comunicação social, da contratação colectiva, do aumento do custo de vida.