O Orador: - E aquilo que posso garantir ao Sr. Deputado Carlos Carvalhas é que com o Governo da Aliança Democrática a política de demagogia tem, de facto, os dias contados.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Deseja contraprotestar, Sr. Deputado?

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Não, Sr. Presidente, quero só prestar um esclarecimento.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Parece-me que é evidente que inclusivamente até a própria figura regimental encontrada pelo Sr. Deputado José Vitorino é a prova cabal de que os seus argumentos não têm sustentação porque senão preferiria a pergunta, o debate e a discussão.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Por isso recorreu ao protesto.

Mas eu vou dar um esclarecimento: pelo que se depreende das palavras do Sr. Deputado parece que, de facto, os combustíveis não aumentaram; que os bens de primeira necessidade não aumentaram; que a bica também não aumentou; que os preços estão a diminuir - é ir à praça e aos mercados!

Risos do PCP.

-, que as classes desfavorecidas cada vez estão melhores e, claro, que prova-se evidentemente dia a dia, na prática, que de facto as classes desfavorecidas vivem cada vez melhor! Isto é: que o Governo não faz demagogia!

Aplausos do PCP.

Prova-se que, de facto, com a desvalorização do escudo, com a contenção dos salários, com a retenção e a não promulgação dos contratos colectivos, a vida vai melhorar para os trabalhadores.

De facto é verdade! É verdade que o actual Governo não faz demagogia, que o Governo só tem apresentado projectos de desenvolvimento, que este país vive muito melhor, quer em relação aos transportes, quer em relação à agricultura, quer em relação à indústria... enfim, este Governo de facto, não faz demagogia! ...

Os portugueses e as portuguesas, no dia-a-dia, mos seus locais de trabalho darão as respostas ao Sr. Deputado e ao actual Governo...

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Já deram ao PCP várias vezes!

O Orador: - ...porque podem-se enganar durante um dia, podem-se enganar durante dois, mas não podem enganar-se sempre.

Aplausos do PCP.

O Sr. Igrejas Caeiro (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Igrejas Caeiro (PS): - Sr. Presidente, é que o Sr. Deputado José Vitorino como pediu a palavra para fazer um protesto eu esperava que viesse protestar por ele ou o seu partido terem sido ofendidos. Afinal vem protestar porque um Deputado pôs em evidência determinados aspectos que quis criticar em relação ao Governo.

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Isso é a sua opinião!

O Orador: - Tenho a impressão que a figura de protesto que o Sr. Deputado José Vitorino invocou não era de utilizar e era nesse sentido que queria interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: - A Mesa só sabe aquilo que as pessoas dizem depois de as ouvir, Sr. Deputado.

O Sr. Manuel Moreira (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Também para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - A política deste Governo tem sido descoordenada, desarticulada e improvisada conduzida aos sacões, em que um aspecto parcial da actividade governamental surge repentinamente como uma tábua de salvação de um Governo sem ideias e sem planos, aspecto parcial que monopoliza as suas emergias, esquecendo-se ou ignorando-se as múltiplas necessidades do País que deveriam naturalmente ter uma resposta pronta e coerente.

O Sr. José Nisa (PS): - Muito bem!

O Orador: - Apesar disso, salientam-se sem qualquer margem de dúvida alguns temas quentes da política governamental que passaremos a analisar: a política internacional numa primeira fase, a procura constante de situações conflituais com o Presidente da República e o Conselho da Revolução, a política de subida generalizada dos preços e o assalto aos órgãos estatizados de comunicação social.

Vozes do PS: - Muito bem!