O Orador: - É esse mesmo regime em que se gritava: «Quem manda? Salazar, Salazar, Salazar.»

E, com efeito, mandava perseguir os portugueses e atirá-los uns contra os outros.

Firmar a democracia em Portugal será realmente vingar a morte de Delgado, a perseguição a milhares e milhares de cidadãos. Não queremos que tais perseguições, esse divisionismo que levava a demitir ou aposentar compulsivamente funcionários sem inquéritos e sem culpa formada, volte à nossa terra.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Não queremos o regime do silêncio, da manipulação, do medo em que foram abafadas duas gerações e quebrados violentamente os laços amigos que uniam vários povos e que, transformando-se embora, bem poderiam ter continuado a amizade secular.

Lembrando a memória sangrenta e pura do general Humberto Delgado, fazemos votos pelo empenho de todos nós em construir uma pátria livre, que seja realmente o entendimento, a igualdade, a harmonia dos cidadãos.

Aplausos do PS, do PSD, do PCP, do CDS, do PPM, 4o MDP/CDE e do Sr. Deputado Reformador Adão e Silva.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura.

A Sr.ª Helena Cidade Moura (MDP/CDE): - O MDP/CDE congratula-se com a unanimidade obtida nesta Assembleia em matéria grave contra os direitos humanos e contra os sentimentos do povo português.

Aproveito também para recordar que o insuficiente conhecimento, ainda hoje, das condições do assassínio de Humberto Delgado são uma mancha na clareza da nossa democracia e na injustiça a ela inerente.

Aplausos do MDP/CDE, do PSD, do PCP, do PPM e do Sr. Deputado Reformador Adão e Silva.

O Sr. Presidente: - Também para uma declaração de voto, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Alda Nogueira.

desejamos, contribuir de alguma forma para unir numa frente, cada vez mais ampla, os cidadãos e cidadãs da nossa terra que amam a democracia, a paz e a liberdade e que em sua defesa estão dispostos a lutar firmemente.

Daqui decorre, pois, Sr. Presidente e Srs. Deputados, o sentido da nossa votação.

Aplausos do PCP, do PS e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Associamo-nos aos votos expressos pelo MDP/CDE e pelo PS.

Humberto Delgado foi um símbolo de unidade antifascista, da resistência do nosso povo. O assassínio de Delgado, como o de tantos outros democratas, é uma acusação flagrante e poderosa contra o regime fascista e J contra o seu braço terrorista a PIDE.

O assassínio de democratas, antifascistas e trabalhadores é uma consequência da necessidade de preservação a todo o custo de regimes condenados pela História e pelas massas populares. E hoje, deixem do 25 de Novembro, já assistimos também a bastantes mortes executadas pelas forças da ordem capitalista.

O Sr. Luis Coimbra (PPM): - Ela!

O Orador: - Sete deles eram militantes da UDP. Daqui lhes presto a minha sentida e combativa homenagem.

A aprovação deste voto deve responsabilizar os verdadeiros antifascistas a por todas as formas combaterem 6 fascismo e levarem ao julgamento e condenação efectivos não só os assassinos de Delgado mas toda a organização terrorista que executou esse crime e o regime que o perpetrou.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a ;palavra o Sr. Deputado Luís Coimbra.

O Sr. Luís Coimbra (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Seguidores que somos de monárquicos como Luís de Almeida Braga, Vieira de Almeida e Roldão Preto, membros proeminentes da comissão central da candidatura do general Humberto Delgado às eleições presidenciais de 1958, não podíamos deixar de nos associar aos votos do MDP/CDE e PS ao ser evocado nesta Assembleia o 15.º aniversário da morte, às mãos da PIDE. daquele! que foi considerado, muito justamente pelo povo português, o General sem Medo.

Humberto Delgado é para nós o símbolo da irreverência, da nobreza de carácter, do sacrifício em prol da democracia que deveriam servir sempre de exemplo a todos aqueles que combatem os totalitarismos e que não aceitam, como não aceitaram no passado, que Portugal regresse ou avance para novas formas ditatoriais, sejam elas apodadas de «progressistas» ou «pseudo-redentoras» de ideais patrióticos.

É por isso que nesta data, e interpretando o sentido que (teve, em nossa opinião, o combate do general Humberto Delgado, nós, populares monárquicos, nos