O Sr. Deputado faiou de prejuízos, e mais uma vez atribui-os aos grevistas e eu pergunto-lhe: esses prejuízos não são antes atribuíveis, em prioridade, a um Governo, e nomeadamente ao Ministro dos Transportes, que não soube ainda encontrar, ou não quis o que é pior -, uma saída razoável, para aquilo que parece ser também razoável, para uma greve motivada por uma total recusa do Governo em considerar as reivindicações dos grevistas?

São estas as perguntas a que conviria responder para que não se dê um cunho político àquilo que. é uma simples reivindicação, em nosso entender justa, dos controladores aéreos portugueses

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Muito bem!

O Sr. Presidente:.- Igualmente para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente. Srs. Deputados: Queira fazer uma pergunta ao Sr. Deputado Pedro Vasconcelos.

Pergunto: porque razão se esqueceu de referir uma das reivindicações que diz respeito ao melhoramento das condições de trabalho ligada à própria segurança dos aviões e dos passageiros dos aviões que cruzam o espaço aéreo português?

Por outro lado, gostaria de referir que neste momento e neste país qualquer greve não tem um sentido unicamente reivindicativo, tem de ter também um sentido político.

Vozes do PSD e do CDS: - Ah, então é isso!

O Orador: - Tem de ter um sentido político e e essa a minha opinião. A ordem dos médicos por exemplo actuou politicamente.

O Sr. Moreira da Silva (PSD): - Não diga asneiras. que não percebe nada disso!

O Orador: - Gostava de perguntar ao Sr. Deputado porque é que não referiu aqui nesta Assembleia a greve do pessoal de bordo da TAP, dos comandantes que, esses sim, reivindicavam salários absolutamente inadmissíveis, salários que são uma provocação autêntica aos trabalhadores portugueses.

O Sr. Anacoreta Pereira (CDS): - Esses não são trabalhadores!

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Luís Coimbra pede a palavra para que efeito?

O Sr. Luís Coimbra (PPM): - Para um protesto em relação a afirmações produzidas pelo Sr. Deputado Mário Tomé.

Protesto por se ter invocado aqui que a situação de greve dos controladores do tráfego aéreo se relaciona com melhoramentos das condições de trabalho. Essa é uma das situações que eu considero que, a par das munas justas reivindicações dos controladores do tráfego aéreo -que. aliás são meus colegas de empresa - não tem justificação, neste momento, para se vir invocar, visto que, e em primeiro lugar, os controladores do tráfego aéreo e os seus representantes estão a trabalhar em ritmo acelerado para melhorarem as suas condições, mais, participa-se neste momento a nível internacional, com concursos já realizados, para que dentro de três anos Portugal possa ter.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, peço desculpa mas não está a protestar..

O Orador: - Estou a protestar porque a greve me parece..

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, dei-lhe a palavra indevidamente, visto que não tinha o direito de fazer um protesto, e aproveita esse lapso meu para fazer uma intervenção Peco-lhe, portanto que abrevie.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para respondei, se assim o entender, o Sr Deputado Pedro Vasconcelos

O Sr. Pedro Vasconcelos (CDS): - Sr. Deputado Veiga de Oliveira, julgo que em grande parte já tem do Sr. Deputado Mário Tomé as respostas às perguntas que me tinha feito.

Vozes do CDS: - Muito bem!

Risos do PS e do PCP

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Como brincadeira está bem!

O Orador: - O principal sentido da minha intervenção foi o de alertar esta Assembleia para um problema grave que hoje em dia é de âmbito nacional. Os Srs. controladores aéreos, pouco se interessaram em esclarecer o País das suas causas e razões e nos termos em que são conhecida afigura-se injusta a pretensão de uma classe trabalhadora querer ter remunerações a nível internacional num regime totalmente diferente das demais classes trabalhadoras portuguesas. Isto à primeira vista é uma injustiça social.

A Sr. Ercília Talhadas (PCP): - E os pilotos?

O Orador: - Por outro lado, parece-me inadequado dizer-se que a culpa dos prejuízos é do Governo.