eflui ate as formas arcaicas. Mais, da sua entranhada açorianidade- fez Vitorino Nemésio a substância de uma obra invulgar que permanece como símbolo do traço mais firme que une Portugal ao arquipélago açoriano, ou seja, uma cultura comum. Finalmente, na obra de Vitorino Nemésio temos um dos mais fecundos registos da revitalização e abrilhantamento da língua falada pelo povo representado nesta Assembleia, pelo que julgamos perfeitamente indicado que a passagem do segundo aniversário da morte desse grande escritor seja aqui assinalado com um voto de pesar.

Aplausos do PSD. do Pu, do CDS. do PPM e do Sr. Deputado reformador Adão e Silva.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Macedo.

O Sr. António Macedo (PS): - Sr. Presidente, Srs Deputados: A bancada do Partido Socialista associa-se ao voto de pesar que acaba de ser apresentado e cie que é primeira signatária a Sr.ª Deputada Natália Correia. No entanto, o Partido Socialista faz desde já uma observação quanto aos termos em que se encontra redigido o voto de pesar. Diz-se nele que Vitorino Nemésio representa o "elo cultural que liga Portugal àquele arquipélago", ora é incorrecto, é injusto, Vitorino Nemésio não desejaria esta homenagem, porque ele não é o elo cultural, ele é um dos elos culturais, visto que houve outros elos que ligaram Portugal a Portugal, e não Portugal ao arquipélago dos Açores.

O Sr. António Arnaut (PS): - Muito bem!

O Orador: - O Arquipélago dos Açores também é Portugal.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Vitorino Nemésio não foi o elo cultural porque não podemos esquecer essa grande figura que foi Antero de Quental. Antero de Quental foi, para além de um extraordinário poeta, um homem de pensamento, um activista político socialista, como sabem foi um dos fundadores do Partido Socialista. Não podemos esquecer Teófilo de Braga, não podemos esquecer Manuel de Arriaga, Bruno Carreira, etc. Quero dizer com isto que é incorrecto, é injusto, é gravoso para a memória de Vitorino Nemésio, considerá-lo o elo, visto que ele é, e felizmente, um dos elos.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tive o privilégio de ser amigo e companheiro de luta de Vitorino Nemésio. Vitorino Nemésio não foi só o que aqui foi dito

- e muito bem, com muito brilho literário como era de esperar- pela Sr.ª Deputada Natália Correia, há um outro Vitorino Nemésio que quero aqui recordar.

O Sr. António Arnaut (PS): - Muito bem!

desde novo como aluno de letras: através de uma série de artigos publicados na Seara Nova sustentou uma polémica, que se tornou célebre, com o professor de Direito Cabral Moncada, estavam em causa os fundamentos e a legitimidade da estrutura democrática do Estado, por isso essa polémica foi muito acompanhada e aplaudida por nós rapazes desse tempo. Depois essa mesma polémica prosseguiu entre Cabral Moncada e António Sérgio.

É esta a figura de Vitorino Nemésio que desejo salientar e fazer ressaltar. São estes aspectos novos que quis trazer à Câmara, visto que não estamos só numa academia, mas também numa casa de homens políticos. Quero recordar, ainda, que quando morreu saiu um comunicado do Grande Oriente Lusitano em que saudava o mação, o elemento da maçonaria. Vitorino Nemésio. É neste contexto que aqui saúdo e acompanho o voto da Sr.ª Deputada Natália Correia, subscrito por elementos destacados do PSD, do CDS. do PPM e dos Deputados reformadores, mas com algumas reservas, visto que para mim e para a bancada do meu partido para além da extraordinária figura literária que foi, é também o homem público, o homem político interveniente.

Aplausos do PS e de alguns Deputados do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Natália

cívico, visto que esses méritos estavam implícitos no meu texto.

Aplausos do PSD e do PPM.