Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - A Sr.ª Deputada Zita Seabra falou ainda que nessa nova lei de rendas seria uma injustiça estabelecer-se um subsídio ao senhorio. Julgo que ouviu mal, porque na minha intervenção não falei em subsídios aos senhorios. Portanto, passo de largo sobre esse seu comentário.

Um outro Sr. Deputado do Partido Comunista citou o Expresso como sendo uma fonte próxima da Aliança Democrática.

Efectivamente, Sr. Deputado, nada tenho a ver com as alcoviteirices desse jornal, não conheço esse almoço a que o senhor se refere, não participei nele e nada tenho a ver com as alcoviteirices desse ou de outros jornais. Portanto, é bom que fique bem claro que o Expresso é dirigido pelo seu director ...

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Que por acaso não e um Ministro da AD!

Contudo, vou-lhe mostrar o meu raciocínio que é muito simples: o sector público deverá, de facto, produzir habitação para as famílias mais carecidas e o sector privado deverá, naturalmente, ser para as famílias com maior solvência. Ou o Sr. Deputado quer o contrário?

Penso, pois, que não vamos pôr o Estado a produzir casas para as famílias com maior solvência. Sobre isso não tenho nenhuma dúvida e portanto apoio inteiramente aquilo que está escrito naquele artigo pois é a lógica das coisas. Onde tem de haver investimentos públicos, onde tem de haver apoio do sector público será, naturalmente, para produzir uma habitação mais acessível às famílias mais carecidas. Então, quer o mercado livre, quer mesmo o mercado apoiado, pode abrir-se para as famílias com maior capacidade de solvência, até porque nesse artigo se falava não apenas em arrendamento mas também em aquisição, e, naturalmente, para adquirir terão de ser famílias com um mínimo de capacidade, pois se assim não for não têm acesso à compra tal como referi.

Tenho aqui os valores dos escalões mensais médios de arrendamento das famílias portuguesas em 1977, mas julgo que não vale a pena citá-los, porque infelizmente toda a gente sabe que eles são baixos, e sobre isso estamos todos de acordo.

O Sr. Deputado Vital Moreira fez um protesto acerca das paciências e das impaciências Suponho que o Sr. Deputado já adiantou sobre a matéria do ponto seguinte na ordem de trabalhos, pois o Sr. Deputado é hábil neste tipo de sofismas, tem escola, desculpe que lhe diga mas eu também já o conheço.

De facto, Sr. Deputado, nunca li profundamente Aristóteles, não sou académica, não sou sofista e até tenho um certo horror a esse tipo de malabarismo mental. Contudo, gostava de lhe dizer que, dê as voltas que quiser sobre a paciência ou sobre a impaciência, eu aqui sentada nesta bancada penso muitas vezes naquilo que dizia o Deputado José Estêvão - que tem, lá em baixo uma estátua num dos seus discursos aqui proferido: «Grandes, inagualáveis virtudes tem o povo português. Talvez a maior delas seja, de facto, a paciência.» Portanto, medito muitas vezes nisso para me aguentar aqui até ao fim dos debates.

Aplausos do PSD, do CDS do PPM e dos Depurados reformadores.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Será bem paga!

O Sr. Eduardo Pereira (PS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito deseja usar da palavra, Sr. Deputado?

O Sr. Eduardo Pereira (PS): - Se o Sr. Presidente me autorizasse, uma vez que foram citados vários números com o fim de rebater o que eu tinha dito, gostava de dar um curto esclarecimento.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado sabe que os esclarecimentos podem ser pedidos apenas ao orador que interveio e por consenso estabelecido entre os grupos parlamentares ...

O Sr. Eduardo Pereira (PS): - Sr. Presidente, eu sei disso perfeitamente. Se eu quisesse protestar pelo facto de 05 números citados estarem errados, o Sr. Presidente dava-me a palavra, mas eu apenas quero esclarecer que os números estavam errados e portanto, corrigi-los.