irmar, sem se rir, que os preços vão baixar!

O Governo faz alinhar a política «externa da forma mais boçalmente servil com Washington e Londres? Logo o Ministro dos Estrangeiros vem afirmar, seriamente, que, agora sim, temos uma política externa independente! O Governo saneia por atacado, por puras razões políticas e partidárias e enche os conselhos de administração e os lugares de direcção da informação pública com filiados seus? Logo o Secretário de Estado respectivo vem sustentar, maviosamente, que o que se está a promover é a independência e o pluralismo ideológico da informação estilizada! O Governo desencadeia sucessivas frentes de conflito com os tais Órgãos de Soberania? Logo uma nota oficiosa vem informar, desplicentemente, que o Governo não provoca qualquer conflito institucional! O Governo e os partidos governamentais obstruem o trabalho da Assembleia da República, infringem os direitos e garantias da oposição, utilizam métodos prepotentes e violentos? Logo vem um Ministro, sisudamente, acusar a oposição das malfeitorias do próprio Governo e da sua componente parlamentar! A hipocrisia, o farisaísmo e a desfaçatez são, deliberadamente, um método do Governo e um princípio político de actuação.

Aplausos do PCP, do PS e do MDP/CDE.

Que admira, pois, que o mesmo proteste o seu respeito pela Constituição, no preciso momento em que anuncia um profundo golpe contra ela? Quando avança com uma das primeiras peças de grande calibre do arsenal de armas com que prepara o golpe de Estado, já nem sequer mascarado, contra o regime democrático-constitucional?

Vozes do CDS: - Não apoiado!

O Sr. Bento de Azevedo (PSD): - Está-se a ver ao espelho!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O sentido político desta proposta governamental torna-se evidente. A verdadeira mudança a que o Governo se propõe está à vista. É a reconstituição sem limites da oligarquia financeira que se prepara. É a entrega do domínio público da economia ao poder privado do capital que se consume. É a captura do poder político pelo. poder económico da grande finança que se ensaia.

O Governo da direita não perde tempo em pagar aos seus credores,, em compensar à custa do património público e do próprio Estado democrático um pequeno número dos antigos e novos senhores do capital. O Governo da CIP e da CAP revela-se, assim, mais uma vez, como um autêntico Governo de interesses privados! O Governo é menos que um Governo de classe, apresenta-se pura e simplesmente como um comité executivo de uma pequena oligarquia.

A própria teoria política dos grupos de pressão tem de ser revista em relação ao Governo PPD/CDS, já que ela pressupõe, ao menos, uma separação e um certo distanciamento entre o Governo e os grupos de interesse. Ora, com este Governo de AD não existe qualquer separação ou distanciamento. O Governo é, ele mesmo, um conjunto de grupos de interesse a governarem-se a si mesmos. Confirma-se aquilo que a história comprova, a direita não governa - governa-se.

O que aqui ressalta é a concepção privada do Governo como gestão de interesses privados pelos próprios interessados. Ao mesmo tempo que governamentaliza o Estado pela invasão de todas as áreas institucionais, o Governo privatiza o Governo e, através da governamentalização do Estado, privatiza também este. Confrontamo-nos com uma situação de regresso a uma concepção privada, senhorial do Estado, típica do antigo regime.

Dir-se-ia que, na sua ânsia contra as nacionalizações, o Governo PPD/CDS desnacionaliza o próprio Estado, e que na sua sofreguidão de abrir tudo à iniciativa privada, abre-lhe a própria rés publica.

Tal como na economia também na política deixa de haver delimitação entre sector público e sector privado. A própria gestão do Estado já está entregue a entidades privadas... já foi roubada à colectividade