alternativa para os trabalhadores que estão em demasia nas UCPs.

Quando falo de agricultores refiro-me aos homens que são agricultores, que vivem da agricultura; não estou a referir-me aos sapateiros, aos padeiros, aos pedreiros que foram para a zona de intervenção da Reforma Agrária e que hoje se consideram também agricultores.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - E os funcionários da alfândega, a, quem vocês dão tarjas?

O Orador - Também esses não são agricultores.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Mas vocês dão-lhes terras!

O Orador: - Além disso, Sr. Deputado António Campos, há a necessidade absoluta, para resolver o problema da Reforma Agrária e dos trabalhadores que existem em excesso na respectiva zona de intervenção, de se criarem indústrias anexas.

A Sr.ª Helena Roseta (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Sem indústrias na zona de intervenção da Reforma Agrária não é possível resolver-"e o problema dos trabalhadores que lá estão em excesso.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. António Campos (PS): - Dá-me licença que o interrompa?

O Orador: - Com certeza.

O Orador: - Mas quem está a fazer essa afirmação é o Sr. Deputado e não o Governo.

O Sr. António Campos (PS): - O Sr. Deputado é que referiu "é pouco, na sua intervenção, que iam distribuir terras aos pequenos agricultores.

O Orador: - E já o fizeram!

O Sr. António Campos (PS):-Mas como, Sr. Deputado? Explique-nos onde vão buscar a terra. Vão pôr no desemprego os trabalhadores ou vão expropriar mais terras?

O Orador: - Oh Sr. Deputado, não está em causa pôr os trabalhadores no desemprego. O .que está em causa é o excesso de pessoas que estão na zona de intervenção da Reforma Agrária...

Risos do PS e do PCP.

... e que eram de outros sectores.

Eu já disse, mais do que. uma vez, que o Governo propõe-se criar indústrias junto da zona de intervenção da Reforma Agrária. O Sr. Deputado sabe perfeitamente que a maioria das populações dessa zona nem saneamento básico têm. Esta é uma nova iniciativa a que o Governo se propõe, é um novo tipo de trabalho para que os pedreiros, os serventes da construção civil que foram para a zona de intervenção da Reforma Agrária voltam paca as suas actividades iniciais, com a criação de indústrias intermédias.

O Governo está neste momento a fazer um inquérito para saber, antes de entregar as terras, quem é que quer optar por ficar como empresário, quem é que quer ir para outras indústrias afins e, inclusivamente quem é que quer beneficiar do Fundo de Desemprego.

Entretanto, nós sabemos que são mais os trabalhadores rurais que têm, neste momento, idade para serem reformados do que para andarem na Reforma Agrária.

Aplausos do PSD.

O Sr. Sousa Tavares (DR)- - Sr. Presidente, peço i palavra para formular um protesto em relação às palavras do Sr. Deputado António Campos.

O Sr. Presidente: - Queira formulá-lo sinteticamente.

O Sr. Sousa Tavares (DR): - Protesto contra o abuso permanentemente demagógico do Sr. Deputado António Campos, já pela terceira vez nesta Câmara, acerca dos eventuais desempregados da Reforma Agrária, no caso de se fazer uma racionalização da exploração agrícola do Alentejo.

Eles já são, neste momento, apenas artificialmente empregados -e o Sr. Deputado António Campos sabe que isto é verdade -, o que é uma situação económica e social indecorosa, porque, se a terra não sustenta aquela gente, e ela está a ser sustentada pela terra, há uma situação artificial indecorosa...

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Indecoroso é este protesto!

O Orador: - ...tendo, portanto, de se pôr cobro a ela de outra maneira, ou através do subsídio de desemprego ou pela invenção de novos empregos.

Além disso, protesto também contra a exploração demagógica que o Sr. Deputado António Campos faz permanentemente deste argumento, porque o Sr. Deputado .sabe que o Alentejo das UCPs continua a manter um sistema de exploração de cultura extensiva que é criador de poucos empregos e que não dá possibilidades económicas à mão-de-obra.