ao completo monopólio de tudo. Esse é que é o verdadeiro perigo que existe em qualquer sistema económico e que há que contrabalançar e que combater.

O Sr. Guerreiro Norte (PSD): - Muito bem!

O Orador - Não é o perigo da privatização, porque a privatização é compatível com sistemas sociais, com sistemas cooperativos, com sistemas associativos, com a defesa comunitária de interesses privados. O que nunca e compatível com a defesa dos interesses do homem e com os interesses da defesa humana é a completa colectivização. Nesse aspecto, a Colectivização é muito mais arriscada do que a privatização e que a concorrência.

Vozes do PSD e do PPM: - Muito bem!

O Sr. António Guterres (PS): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Desculpe, Sr. Deputado. Eu teria o maior gosto, mas não lenho, realmente, possibilidades, em tempo, de responder a tudo.

No que toca às grandes empresas do mundo e que, segundo o Sr. Deputado João Cravinho, são responsáveis pela produção de grande parte da riqueza, penso que este argumento poderia funcionar a favor da minha tese. O que defendi foi uma política, no que toca a estrutura económica e portanto às normas jurídicas necessárias para o efeito, profundamente anti-trust e contrária à concentração de interesses, quer sejam nacionais quer, neste caso, internacionais. Assusta-me que existam cinquenta empresas entre as quinhentas que referiu - parece-me que o número citado é de 50- responsáveis pela produção de 50% da riqueza mundial. Julgo que isso é contrário aos interesses nacionais e aos interesses da justiça social e que, mesmo apesar de essas empresas serem do sector público dos respectivos países, isso é tão grave, tão perigoso para a pressão do poder económico sobre o poder político como a existência de grupos privados com um potencial financeiro efectivamente grande. Penso que isso é especialmente grave, pelo facto de se tratar de empresas multinacionais com um poder económico que tem expressão não apenas no plano interno mas também no plano mundial.

Vozes do PSD e do PPM: - Muito bem!

O Sr. João Cravinho (PS): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Presidente: - Terá de abreviar, porque o Sr. Deputado Ferreira do Amaral está a terminar o seu tempo.

O Sr. João Cravinho (PS): - É só para dar razão ao Sr. Deputado Ferreira do Amaral e dizer o seguinte: e que o fenómeno do gigantismo é praticamente inelutável em certas esferas da actividade económica e daí que, como acentuou o mau camarada António Guterres, quando se não dá a aparência do contrôle do sector público, mas a realidade do contrôle dos interesses privados sobre o próprio sector público, então 6 que estamos exactamente na situação que o Sr. Deputado acaba de referir. E quando eu citei aquelas cinquenta e tal emprestas entre as maiores quinhentas empresas não americanas que devem essa percentagem de rendimento, o que sucede é que na maior parte dos casos na realidade não há efectivamente contrôle democrático do sector público. O que nós estamos aqui a tratar é das condições que permitam efectivamente garantir o contrôle democrático não só do sector público como até do sector privado.

O Orador: - Mas também do sector público.

O Sr. João Cravinho (PS): - Exacto, Sr. Deputado. Por isso dou-lhe toda a razão.

O Sr. António Guterres (PS): - Posso interrompê-lo, Sr. Deputado?

manifestação die justiça social do mundo.

Parece-me que esse argumento, a distinção entre a Suécia e Portugal, evidencia que um país com um partido social-democrata no Poder durante quarenta anos proferiu um modelo que não teve a ver nada com aquele que nós tentámos impor cá e que produziu efeitos muitíssimo mais importantes, com um con-