País que é efectivamente Portugal. Só se pode fazer se determinadas indústrias de base, se determinados sectores económicos de base estiverem subordinados ao poder democrático, ao poder político-democrático. Parece-nos ser, pois, uma inversão de valores, uma inversão de juízos, a afirmação de que a existência de sectores vedados à iniciativa privada - sendo esses sectores obviamente os que; a lei define - constitui um obstáculo intransponível para a consolidação da democracia e sobretudo para a consolidação da democracia económica, que é um conceito que me parece não ser exactamente o mesmo que esteve na intervenção do Sr. Deputado do CDS.

O Sr. Presidente: - Ainda para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Vital Moreira.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Sr. Presidente, não é para um pedido de esclarecimento, mas para um breve protesto.

Na realidade, o Sr. Deputado Luís Barbosa, embora sem me fazer referência, citou duas vezes a minha intervenção da passada sexta-feira e fê-lo em termos que me merecem, de facto, o breve protesto que vou fazer.

O Sr. Deputado acusou-me de ter feito insinuações. Eu não faço insinuações, faço afirmações e acusações concretas. Foi o que fiz.

Não insinuei, por exemplo, que esta lei era a tradução da hegemonia do CDS dentro da coligação governamental, afirmei-o. A própria prova é o facto de a primeira intervenção na Assembleia por parte das bancadas parlamentares do Governo ser feita por um Deputado do CDS e logo por um Deputado exemplar do* CDS, como é o Sr. Deputado Luís Barbosa. Aí está, mais unia vez, a confirmá-lo com mais um sintoma.

O Sr. Ângelo Correia (PSD): - Não é verdade, foi o PPM.

O Orador: - O PPM não faz parte da coligação governamental, é apenas unia muleta de apoio ao Governo.

Que eu saiba, o Governo é PPD/CDS - ou CDS/PPD, melhor dizendo.

Não insinuei, acusei e afirmei que esta lei e esta discussão traduzem uma cedência directa a interesses privados muito marcados e que por detrás da invocação de interesses públicos o que está é a satisfação de interesses privados.

É certo que não citei nomes, mas o Sr. Deputado Luís Barbosa vêm-nos agora, pelo menos, satisfazer em parte essa ânsia de saber da Assembleia e do País. Sabemos, a partir de agora, um nome. O Sr. Deputado Luís Barbosa enfiou a carapuça. Não vou eu dizer que a enfiou mal, acho que a enfiou muito bem: Ó País e a Assembleia sabem-mo a partir de agora.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Ferreira do Amaral pediu a palavra para que efeito?

O Sr. Ferreira do Amaral (PPM): - Sr. Presidente, era para um protesto; não sei se me é permitido.

O Sr. Presidente: - Com que fundamento, Sr. Deputado?

O Sr. Ferreira do Amaral (PPM): - Penso que a afirmação feita pelo Sr. Deputado Vital Moreira não corresponde à verdade e que atingiu o meu partido.

O Sr. Luís Barbosa (CDS): - Procurarei ser muito breve nas respostas a dar. Começarei pelo Sr. Deputado Vital Moreira. Diz ele que formulou acusações e eu pergunto-lhe se, ao dizer que o PPM é unia muleta da Aliança, faz uma acusação, uma insinuação ou como é que classifica.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Dá-me licença, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Eu creio que o PPM não faz parte da coligação governamental, porque não conheço no Governo nenhum membro do PPM. Por isso é que digo que é uma muleta parlamentar do Governo CDS/PPD.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Provocador como sempre.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Mas sem graça!

O Orador: - Pois, Sr. Deputado Vital Moreira, eu próprio poderia dizer mais alguma coisa quanto às tentativas que têm vindo a ser feitas, desde o início, para que eu fale. E eu falei. Tinha mais alguns dados concretos para acrescentar acerca de pessoas presentes e não presentes nesta Câmara e fazer alguns termos de comparação com a minha própria .pessoa, mas disse, na minha intervenção, que pela minha parte considerava o assunto encerrado.

Sr. Deputado Vital Moreira, peço-lhe desculpa de não cumprir as regras do seu jogo, cumpro as do meu. O assunto para mim está encerrado.

Aplausos do CDS e da Sr.ª Deputada Natália Correia (PSD).

Vozes do PCP: - Para nós não está.

O Orador: - Com certeza, é o vosso direito democrático e eu respeitá-lo-ei. Quero só dizer que não