capitalistas à custa do agravamento das condições de vida dos trabalhadores e das classes médias. Não é limitando as liberdades e assaltando os meios de comunicação social, não é destruindo através da acção governativa a Reforma Agrária e as nacionalizações; não é entrando em confronto com os outros Órgãos de Soberania que se promove o desenvolvimento económico e social, a estabilidade e se consolida a democracia.

As operações desencadeadas contra a Reforma Agrária tomam foros de verdadeiro escândalo nacional. Não se ouvem os trabalhadores, aceitam-se como certas as declarações falsas dos agrários, roubam-se gados, máquinas, alfaias e instalações, searas e outros bens pertencentes às UCPs e cooperativas. É o revanchismo dos grandes senhores da terra.

Vozes do PSD: - É preciso ter descaramento.

O Orador: - Este é o plano da reconstituição dos privilégios, do regresso ao passado, é o plano da violação da Constituição e da subversão do regime democrático.

O Sr. Manuel Maria Moreira (PSD): - Isso, isso!

O Orador: - Mas os planos subversivos do Governo Sá Carneiro/Freitas do Amaral não passarão! O povo português saberá dizer não ao Governo da CAP e da CIP, o Governo dos Melos, Quinas, Teles da Gama, Dias Coutinho e C.ª

A classe operária, os trabalhadores, os democratas, os patriotas, saberão unir os seus esforços e lutar com determinação para defender as conquistas de Abril e prosseguir com o Portugal livre e democrático.

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: das intervenções dos meus camaradas que me antecederam e da minha própria, ocorre um grande número de perguntas. Para evitar subterfúgios, permito-me recordar as quinze fundamentais, deixando-as claramente formuladas para consideraçâo do Governo e da opinião pública.

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente António Arnaut (PS).

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o representante do Partido Socialista. Como sabe, pode usar dela durante uma hora.

O Partido Comunista Português utilizou rigorosamente uma hora.

O Sr. Vítor Constância (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo: A figura constitucional e regimental da interpelação apresenta-se com vastidão suficiente para que nela caibam vários tipos de debates. Importa, pois, começar por fixar o sentido que o PS atribui, neste caso concreto, ao debate que hoje se inicia.

Trata-se essencialmente de pedir explicações ao Governo pela política económica que vem prosseguindo e cuja orientação nos parece criticável e imprecisa. Além de pedir explicações há, pois, também que pedir contas. Sobretudo quando se compara o que o Governo vem executando com a longa lista de promessas eleitorais não cumpridas.