de inflação cinco pontos, simplesmente e como esse Sr. Deputado referiu, nada desse tipo há a esperar para o ano de 1980. Implicitamente o Sr. Deputado reconheceu que não seria nada fácil alcançar o objectivo proposto. Se o Governo se propõe atingir a referida taxa, mostra bem - e eu mantenho que se propõe alcançar - como tem de se aplicar numa política económica correcta.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. António Guterres (PS): - E as medidas demagógicas!

O Orador: - Neste momento vão atacar-se as causas que podem reduzir de imediato o seu impacte negativo e ao mesmo tempo estão a lançar-se acções que visam a redução da inflação a médio termo, isto é, lançam-se acções que apontam para o aumento da rapacidade produtiva da economia, possibilitando, de forma definitiva, a aproximação do crescimento dos preços em Portugal aos crescimentos que se verificam nos outros países.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Outro Sr. Deputado aludiu às declarações insensatas de um Ministro que disse que os preços iam baixar... Permito-me recordar o que são «efeitos de medidas»: falar em efeitos de uma medida de política económica é comparar o que ocorreria nessa economia sem a medida e com a medida. Portanto, Sr. Deputado, o que lhe quero dizer é que efeitos é qualquer coisa em sentido diferencial, e, neste caso, tal como está a acontecer, os preços estão mais baixos devido às medidas que o Governo tomou e estariam mais altos sem essa mesma medida.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Risos do PS, do PCP e do MDP/CDE.

Uma voz do PCP: - É preciso ter lata!

O Sr. Borges de Carvalho (PPM): - Estão todos satisfeitos por causa do bacalhau!

Risos, do PSD, do CDS e do PPM.

O Orador: - Sendo assim, tanto a falta de compreensão, quer da noção de efeito, quer da noção de como se combate a inflação, não são problemas do Governo, são problemas do Deputado que fez a afirmação ou quanto muito do seu professor de Economia!

Risos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - É o Lenine!

O Orador: - Quanto à revalorização, verifiquei que esse mesmo Sr. Deputado sabia muito bem que 1,0075 levantado a oito eia igual a 6 %. Isto é, o Governo tinha calculado o valor da revalorização através de 1,0075 levantado a oito meses que faltavam até às eleições.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Não é levantado oito, é vezes oito!

O Orador - No entanto, o Sr. Deputado obtém o mesmo resultado se pensar de outra forma. Imagine que no mês de Setembro do ano passado, quando todos diziam que a desvalorização era excessiva em Portugal ela tinha passado para 0,4. Se considerar isso mantido por quinze meses e comparar aquilo que neste momento esta fixado obtém uma diferença de 6 %.

O Sr. Ângelo Correia (PSD): - Muito bem!

O Orador - Só que não foi por essa fórmula que se determinou os 6% da revalorização do escudo. Os 6% resultaram do estudo da competitividade externa das exportações portuguesas, pela comparação dos custos relativos a Portugal versus os seus competidores e versus os seus parceiros de troca. Foi por esse estudo que se determinou o leque de taxas possíveis e de seguida era necessário escolher uma que tivesse impacte significativo sobre os preços, surgindo assim o valor de 6%.

O Sr. Presidente: - Sr. Ministro, desculpe interrompê-lo, mas dispõe de cinco minutos.

O Orador: - Sr. Presidente, penso que o tempo disponível é de uma hora e cinco minutos.

O Sr. Presidente: - Tem razão, Sr. Ministro, e peço-lhe desculpa da interrupção e do lapso.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Deixe-o falar, Sr. Presidente ...

O Orador: - Sustentou-se ainda que a manutenção da desvalorização deslizante era fruto de não se acreditar na redução da inflação. Não é verdade, o que se passa é que há uma diferença entre o nível da cotação da moeda e o ritmo da desvalorização. O que se estava a verificar era que o escudo estava subavaliado, só que o ritmo da desvalorização não é determinado dessa forma, mas pela diferença entre as taxas de inflação que os agentes económicos ainda esperam no País e aquelas que se verificam no estrangeiro.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador - É como! a diferença entre a altura de uma escada e o tamanho do degrau!

Vozes do PSD, do CDS e do PPM: - Muito bem!

Risos do PS, do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - É explicadinho!

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - É fraquinho, é fraquinho!