seguinte pesadelo: tinha acordado de noite imaginando que todo o sector público, que toda a Administração tinha recebido ordem de marcha e tinha começado de repente a trabalhar e a operar. É a iniciativa privada que no plano político ainda está em Portugal na posição sindical, na posição de reivindicar, e é a CGTP-IN que, politicamente, está ainda na posição patronal. E quem não souber distinguir ou perceber que é o problema político que é o fundamental e que é nesta análise que se deve situar a correlação de forças está decididamente enganado e é, sobretudo, prisioneiro da lógica tecnocrática e burocrática que nos foi impingida.

Vozes do CDS:- Muito bem!

O Orador: - Nós não somos fanáticos da propriedade. Mas o que achamos é que a mesma porta não pode ser escancarada para o sector público e fechada para a iniciativa privada. É bom, aliás, não esquecer que, ao contrário do que a 0posição quis insinuar neste debate, historicamente o conceito de democracia política anda associado ao conceito de iniciativa privada e que foi com a aniquilação da iniciativa privada que se consumaram os maiores totalitarismos modernos. Afinal, perguntaria eu à Oposição: quantas ditaduras há na Europa fundadas sobre grupos económicos privados? E quantas ditaduras há na Europa fundadas sobre monopólios públicos?

Aplausos do CDS, do PSD e do PPM.

Basta ser moderno, porém, para se ser contra quais quer monopólios, porque, no fundo, o problema moderno não é o problema da propriedade. 0 problema moderno é o problema do poder - e ao Sr. Deputado Vítor Constâncio para ser apenas um pouco mais moderno que Mitterand, se possível tão moderno como Michel Rocard.

Aplausos do CDS, do PSD e do PPM.

0 que é grave é que o Partido Socialista afecte no poder um estilo social-democrata e na oposição um estilo social-comunista, apesar de entretanto ter procurado uma roupagem diferente, mais tecnocrática.

O Sr. Presidente: - Está a terminai- o seu tempo, Sr. Deputado.

O Orador: - Muito obrigado Sr. Presidente. Somos nós quem assume contra os Monopólios públicos, afinal, críticas idênticas às que se faziam legitimamente aos grupos privados antes do 25 de Abril e em ditadura. Grupos privados que eram protegidos por subsídios, que eram defendidos pelo condicionamento, que eram um instrumento de clientelismo, de corruptela e de nepotismo. Estes vícios, Srs. Deputados da Oposição, não passaram a ser virtudes só por se terem transferido dos grupos privados de antes do 25 de Abril para os grupos públicos de, depois do 25 de Abril.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Vou abreviar a minha exposição, embora gostasse de a completar com algumas importantes observações sobre o constitucionalismo da Oposição. Os textos são o argumento burocrático típico e foram aqui bastante invocados contra os factos e contra a vontade e o princípio da maioria, porque o que se passou muitas vezes aqui, nomeadamente na intervenção do Deputado Vital Moreira, não foi uma oposição à maioria, mas sim uma oposição ao princípio da maioria, ao princípio de que a maioria vale mais do que o princípio do socialismo.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Afinal quem fala contra os grupos económicos privados são os mesmos que invocam a cumplicidade dos grupos político-militares. De resto, «conquistas» é uma palavra militar e «irreversíveis» é uma palavra de teologia. Dir-se-ia que os maurrasianos, afinal, estão neste caso à esquerda.

Para terminar, Sr. Presidente, pedir-lhe-ia apenas mais um minuto.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, eu já fui ontem classificado de administrador da tolerância. Tenha a bondade de prosseguir por mais algum tempo.

overno são de saudar, ao contrário do que pretendeu a oposição. Quem pode andar mais devagar politicamente são os que na estrada . e na vida têm carros mais velozes. Os trabalhadores querem andar depressa e não quererão andar a reboque. Com rapidez e coragem, em suma, tal e qual como o Governo da Aliança Democrática.

Não é para satisfazer clientelas, nem sequer os 2600000 votos da AD que aqui foram insultados pela c>posição como uma clientela, que nós queremos