Sabemos muito bem que a direita procede como procedeu agora o Sr. Deputado Lucas Pires, que usou os trinta segundos para responder como quis, utilizando as faculdades que nós próprios lhes demos sem ao menos nos agradecer.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Ao Partido Comunista ?!

O Orador: - A direita chegou ao poder e, em vez de agradecer, tonta destruir a democracia.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lucas Pires, mas só para responder à alusão pessoal que lhe foi feita.

O Sr. Presidente:. - Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Pelágio Madureira.

resultados que outros não conseguiriam em anos.

Vozes do PSD, do CDS, do PPM e dos Deputados reformadores: - Muito bem!

O Orador: - Muito nos honra, a nós, Reformadores, termos dado o nosso apoio a homens que merecem das bancadas da Oposição uma consideração tão elevada.

Não é, porém, essa a nossa opinião. 0 Governo é constituído por homens com mérito - uns mais do que outros, como é natural -, mas, como homens que são, está-lhes vedado, o sobre-humano e mais não podem que coisas terrestres.

Assim, como o apoio que vi-mos dando ao Governo é um apoio, como sempre afirmámos, crítico, também as apreciações da nossa bancada, mesmo quando de interpelações ao Governo, seriam sempre de esperar-se críticas e nunca bajuladoras. Além de não sermos, por natureza, bajuladores, cremos que o Governo, no qual continuamos a confiar, não anseia os louvores fáceis, mas as críticas rectas e bem-intencionadas, que outro fim não terão senão o de chamar a atenção> para o que está bem e para o que nos parece mal.

Vozes do PSD, do CDS, do PPM e dos Deputados reformadores: - Muito bem!

O Orador: - 0 Governo foi confrontado, mais ou menos simultaneamente com as interpelações que lhe são feitas, com uma certa agitação grevista, em cuja coincidência nos é difícil acreditar. É natural, faz parte do jogo, creio que, se alguém o não previu, o erro foi seu e não dos executores destas manobras.

Referiu-se da parte do Governo que este encararia o caso com serenidade, o que nos parece razoável. Pois como deveriam os membros do Governo encarar estas ou quaisquer outras greves que possam vir a verificar-se? Perdendo a cabeça? Batendo o pé no chão infantilmente;?

Quando se verificou o sismo nos Açores, o Governo actuou com serenidade, com a serenidade própria de um Governo consciente. E porquê? Porque, colocado perante uma reacção normal da Natureza, a resposta do Governo teria de ser feita d um pensar lúcido e sereno, uma vez que já não vivermos no tempo em que estes fenómenos eram encarados com o terror que infunde sempre tudo aquilo de que ignoramos 3 causas. 0 governo teve aí uma boa ocasião para mostrar a sua capacidade de resposta. Cumpriu, e daqui lhe tecemos, neste caso, sinceros elogios.

Também a greve é uma reacção natural das organizações das classes trabalhadoras. Reacção a que temos que nos habituar de uma vez por todas, abandonando definitivamente os empolamentos histéricos que por vezes se lêem ou ouvem sempre que se verificam estes fenómenos, naturais em democracia. Não temos, pois, de falar de serenidade, porque não há que referir o que é normal. Se o Governo fosse perder a serenidade face à primeira greve que se lhe apresentasse, que, faria o Governo, este ou outro, se algum dia se visse confrontado com uma greve a sério - desculpem-me a expressão -, do género daquelas que já houve noutros países, daquelas que realmente aleijam quem as faz e aqueles que a elas têm que se sujeitar?

Também não concordamos que se repita constantemente uma frase já muito conhecida: "serão tomadas todas as medidas, etc." Por trás disto esconde-se sempre uma ameaça ...

O Sr. Fernando Amaral (PSD): - Muito bem!

O Orador: - ... e, no nosso entender, os trabalhadores, por fazerem greves, políticas ou não, não devem ser ameaçados, mesmo veladamente.

Já em tempos noutros Governos, se usou e abusou da requisição civil, como estamos lembrados, o resultado final- foi o abandalhamento daquela arma extrema.

0 Governo foi interpelado ao fim de dois meses de trabalho. Porquê? Não vamos repeti-lo. Achamos que o trabalho realizado neste curto espaço de tempo é positivo.