seguida nos casos que aqui vieram a lume, pelo contrário, mostrou-se, transparentemente: que não passavam de calúnias, que os factos existiam, mas que têm total justificação e que correspondem a uma política de crédito objectiva, pertinente e indispensável ao País.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Manuel Costa (PS) - E selectiva!

porque não quiseram ou porque de facto, o que temo que seja a verdade, não realizaram os tais investimentos.

Penso ter respondido às principais perguntas que me colocaram, pois não dispunha de tempo para responder a todas. Nomeadamente verifiquei que em matéria de cortiça não respondi, mas penso que até é melhor que o não tenha feito, porque relativamente à cortiça as minhas contas, quando saí de Secretário do Estado, davam, pelo contrário, um saldo devedor por parte das UCPs ao Estado de qualquer coisa que ultrapassava 1 milhão de contos de réis, e não o contrário. Portanto, é de certo melhor para o PCP ou para o Sr. Deputado Joaquim Miranda que eu nem sequer toque no assunto.

Todavia queria ainda salientar que as razões do corte de crédito às UCPs se deveram, quando ocupei funções de Secretário de Estado da Estruturação Agrária, unicamente a razões de carácter financeiro. Foi por essas razões e já com alguma benesse, porque implicavam um não cumprimento parcial das dívidas de campanhas anteriores, o que não era praticado, pelo menos com despacho, em relação a mais nenhum beneficiário do crédito agrícola de emergência. Mesmo assim, e ao abrigo dessas directivas que são elementares em qualquer país do Mundo que tenha as contas em ordem - naturalmente nos países de Leste o mesmo se verifica -, neste momento apenas doze unidades colectivas dispunham do crédito aberto. Se governaram mal os dinheiros que lhes foram postos à disposição, que não foram poucos, já que atingiram cerca de 7 milhões de contos, a culpa não é minha.

Aliás, quero acrescentar ainda que se acusa o Governe de não transformar em crédito a longo prazo o crédito agrícola de emergência que foi concedido, mas isso na prática não é verdade. Infelizmente o crédito agrícola de emergência, no montante de 3 800 000 contos, não só foi transformado em crédito a longo prazo contra a própria vontade do credor, que é o Estado, como se transformou em crédito incobrável, o que é muito pior para o País e para todos aqueles que dependem da agricultura.

Aplausos do PPM, do PSD, do CDS e dos Deputados reformadores.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração política tem a palavra o Sr. Deputado José Augusto Gama.

O Sr. José Augusto Gama (CDS): - Sr. Presidente. Srs. Deputados: Somos um povo que cedo descobriu que o seu destino sei cumpre em terra estranha. Primeiro o Brasil, depois a África e a Europa e, finalmente, a América do Norte têm sido os países de destino dos que partem à procura de «melhor pão».

Este fenómeno atingiu proporções originais no Mundo, a ponto de sermos o único país que assistiu, em termos absolutos, ao decréscimo da sua população na década de 60. Cerca de 20% dos portugueses, correspondendo quase a um terço da sua população activa, continua Portugal além-fronteiras.

Em 1970, ano de ponta da emigração, entraram em França cerca de 107 000 clandestinos averiguados. Se somarmos a este número os emigrantes legais, concluímos que Portugal perdeu, só num ano, o equivalente às populações de Braga, Coimbra, Setúbal e Aveiro. Em 1966 o número de emigrantes legais atingiu 120 000, ou seja, quase tanto come o número de recenseados de todo o distrito de, amostra singela da aguarela imensa que é a emigração portuguesa, escorrendo por todos os continentes.

Se lhes disser que em 1977 as remessas dos emigrantes corresponderam ao triplo das receitas do turismo e que, em 1979, rondaram os 12 milhões de contos, isto já diz respeito a toda a gente mesmo aqueles que não têm a sensibilidade financeira do Ministro Cavaco e Silva. Se os pagãos se recusam a ver no emigrante o pavio de uma cultura que ,vive longe; a chama da tradição que se recusa a morrer; a afirmação do trabalho que honra a terra donde partiu, terão pelo menos que aceitar, face a uma evidência enorme como um campanário, que as re-