vezes os Srs. Deputados da maioria invocam e depois injuriam da forma como agora se viu.

É inadmissível que o Sr. Deputado Faria de Almeida venha para aqui colar rótulos aos advogados de defesa de qualquer réu ou tentar colocá-los como defensores de possíveis actos criminosos.

Vozes do PS e PCP: - Muito bem!

O Orador: - Estamos a ver mais tarde o Sr Deputado Faria de Almeida, a propósito de um Deputado do PS que defenda um homicida, dizer que o PS assassina pessoas.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Se eventualmente o réu em causa pôs fogo ou não às florestas, é uma questão que cumpre aos tribunais resolver. O que não podemos admitir é que o Sr. Deputado Fana de Almeida venha aqui injuriar simultaneamente a Ordem dos Advogados e o Partido Socialista pretendendo ver nessa defesa, a que todo o réu constitucionalmente tem direito, ainda que autor dos mais nefando;» crimes, uma colagem do Partido Socialista e dos> advogados portugueses à imagem dos incendiários

Vozes do PS e do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, isto é uma injúria, isto é um verdadeiro atentado ao bom nome dos advogados portugueses e à justiça portuguesa De futuro, na opinião do ST. Deputado Fana de Almeida e da sua bandida, pelos aplausos que recebeu, em Portugal os reunidos crimes que a AD entender não têm defensores.

Aplausos do PS e do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Faria de Almeida, para um contraprotesto.

O Sr. Faria de Almeida (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Eu não fiz aqui uma ofensa, nem pretendi fazê-la, à Ordem dos Advogados.

Vozes do PS: - Fez, sim!

O Sr. Vítor Louro (PCP): - Nem tem consciência disso!

O Orador: - Também aí, na sua maior percentagem, os advogados sabem o que é ordem e são pela ordem.

Risos do PS e do PCP.

O Sr. Gualter Basílio (PS): - Ouvimos isso durante cinquenta anos!

O Orador: - Há factos que são julgados e há advogados, sem querer ofender a Ordem dos Advogados, ao têm vivido neste país à custa de casos não provados eu procurando problemas mais ilícitos para vizinhos porcos e ilegítimos.

Protestos do PS e do PCP.

O Sr. Manuel da Costa (PS): - És o Bokassa de Almeida!

O Sr Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Guilherme Santos.

O Sr Guilherme. Santos» (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados. Desde a nossa origem como povo independente, os nossos autores tem alarmado nos seus escritos que a faixa litoral da Península Ibérica era rica de revestimento florestal, cuja entrega beneficiou as quercinias, espécies estas que há cerca de dois a três mil anos cobriram vastas áreas do território português. Foram palco de lutas sangrenta:, na conquista dos povos e serviram de esconderijo a Sertório e Viriato. Por força da intervenção humana ligada às várias civilizações que em diversa: fases ocuparam o nosso território, começaram a ser progressivamente afectadas e, até, destruídas É assim que os primeiros trabalhos de arborização com certo vulto remontam ao século XIII, altura em que se processa a primeira sementeira florestal no nosso país, a do sempre célebre Pinhal de Leiria, ela sucede no reinado de el-rei D. Dinis e tem por palco a região a que me orgulho de pertencer. Mais tarde, e já no século XIX, verifica-se em Portugal, na orla marítima a norte do no Tejo com especial incidência, nas unas de duna, novas iniciativas de florestação, que, para além de beneficiarem a agricultura com o seu abrigo, davam madeira para a construção naval É no entanto no fim do século passado que aumentam as preocupações com a arborização e, em particular, o povoamento de serras e terrenos degradado do norte, centro e centro interior de Portugal. Data de 1888 a primeira acção de fomento florestal, tendo como palco as serras do Geres e Estrela Mas é no nosso século XX, que se verifica o grande surto de desenvolvimento da floresta portuguesa Para isso é criada no âmbito da Administração Pública a Repartição dos Serviços Florestais e Agrícolas, primeiro passo digno de registo para a criação do subsector florestal. No entanto, também nesta área como noutras da esfera da agricultura portuguesa, o regime caduco de Salazar e Caetano foi sobrevivendo à custa da estagnação do sector, fazendo dele o maior devedor e dos agricultores portugueses os pagantes da mais pesada factura- a da fome e da miséria.

Vozes do PS: - Muito bem!