A Assembleia da República exprime o seu protesto e a sua mais radical e vigorosa repugnância pelo assassinato de que foi vítima o arcebispo de El Salvador, repudia com a maior veemência o recurso a tais meios. seja a que título for, e as ideologias que possam pretender legitimá-los, e exprime o seu profundo pesar pela perda para a comunidade católica e para a Humanidade de um bispo f um homem que soube honrar, em vida. os principies da justiça, da liberdade e da paz, e que fica. depois de morto, como um exemplo para todos quantos amam e prosseguem tais valores

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, como houve consenso de que não haveria discussão dos votos, vamos passar imediatamente à votação da moção apresentada pelo PS.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

O Sr. Presidente: - Vamos agora votar o voto apresentado pelo MDP/CDE.

Submetido à votação, foi aprovado com votos a favor do MDP/CDE, do PSD, do PS, do PCP, do CDS, do PPM, e da UDP e com as abstenções dos Srs. Deputados Barrilaro Ruas, Ribeiro Teles e Borges de Carvalho (PPM) e dos Srs. Deputados reformadores Adão e Silva e Nuno Godinho de Matos.

O Sr. Presidente: - Vai votar-se agora o voto apresentado pelo PPM, PSD e CDS.

Submetido à votação, foi aprovado com votos a favor do PSD, do CDS, do PPM, do PS, do PCP, do MDP/CDE e dos Deputados reformadores e com a abstenção da UDP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Adão e Silva para uma declaração de voto.

O Sr. Adão e Silva (DR): - Os Deputados. reformadores aprovaram a moção apresentada pelo PS e o voto do PPM, do PSD e do CDS, mas quanto ao voto do Movimento Democrático Português abstiveram-se em virtude de não estarem plenamente de acordo com os termos do voto e só por isso.

Simplesmente, os Deputados reformadores manifestaram-se, através do apoio que deram a dois dos votos contra a violação das direitos do homem, muito especialmente quanto à do direito à vida, como ainda contra os infelizes e selváticos actos de terrorismo político demonstrativos de uma cruel concepção de anti-humanidade. E não se limitam a associar-se aos votos formulados a propósito do cobarde assassinato do Arcebispo Romero, antes lavram o seu mais veemente protesto contra todos os criminosos acto de terrorismo, partam de onde partirem, seja qual for o país em que tenham lugar e sejam quais forem as ideologias sectárias que o determinem ou em que procurem assentar a sua nefasta prática e sejam eles dirigidos contra quem o forem!

Aplausos dos Deputados reformadores, do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Agostinho Domingues. também para uma declaração de voto.

O Sr. Agostinho Domingues (PS): - O Grupo Parlamentar do Partido Socialista ao denunciar com esta moção o repugnante assassínio de Monsenhor Romero, deseja não apenas assinalar o repúdio por este facto isolado, ma? sobretudo sublinhar o significado que ele encerra.

É que não é só Monsenhor Romero que foi atacado e aniquilado. Não se trata de um caso isolado. É antes todo um movimento de cristãos que, era torno do Episcopado da América Latina, como em muitas outras comunidades cristãs vivai, lutam peia libertação dos homens empobrecidos e oprimidos, privados, ainda por cima, da fraternidade dos grupos que detêm o poder político.

Monsenhor Romero foi desassombradamente um elemento da hierarquia católica que, abertamente, denunciou os problemas e os combates dos camponeses e dos trabalhadores em geral, com os quais as minorias, agarradas à riqueza e ao poder, não querem partilhar a igualdade. Monsenhor Romero - bem como os padres e leigos que, como ele, foram perseguidos nível de alguns sectores da hierarquia eclesial, com as oligarquias possidentes e ferozmente repressivas, se mantiveram fiéis não profundo apelo humanista do Deus da Bíblia e do Jesus Cristo do Evangelho, podem hoje teimar em pertencer à mesma Igreja, que, afinal, concedeu o seu apoio tácito ou expresso, à luta arriscada e generosa de cristãos como Oscar Romero.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - No palco ensanguentado da América Latina ressurge, ao findar o segundo milénio Cristão, o cristianismo primitivo. Nem faltam, na arena dos tigres e leões do «império» do capital e do poder usurpado, os cristãos lançados às feras mas transformados, assim, em semente, de novas comunidades. Que se chamem Camilo Torres, Oscar Romero ou Hélder da Câmara, que sejam cristãos aprovados ou reprovados pela hierarquia, eles são, sem dúvida,