ria em muitos aspectos, mas tornada definitiva pela sua morte. Na simples homenagem que lhe prestamos hoje, quisemos considerar apenas o que julgamos ser o melhor da sua obra. E este melhor não está só nos papéis escritos, está também no que em vida Sartre realizou. O autor escandaloso do pós-guerra foi, como só sabe. um «autor empenhado». A expressão, tão divulgada, é da sua própria autoria, por outras palavras, o filósofo saiu do seu gabinete, onde trabalhava por vezes dez horas por dia...

O Sr. Presidente: - Sr.ª Deputada, desculpe, como estamos a proceder unicamente à leitura do voto. pedia-lhe para ser mais rápida na sua intervenção.

ao fim da vida - e é assim que gosto de recordá-lo - permaneceu um homem livre. Dentro do que é possível esperar dos limites humanos.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - O que a Sr. Deputada fez foi a apresentação do voto de pesar. Penso que os outros partidos que também apresentaram votos têm o direito de fazer a apresentação dos mesmos.

O Sr. Carlos Lage (PS):- Sr. Presidente, pretendíamos apenas ler o voto de pesar cuja apresentação acaba de ser monotonamente feita.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, penso que o voto será oportunamente distribuído pêlos grupos parlamentares.

Tem agora a palavra o Sr. Deputado José Luís Nunes.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O PSD, pela voz da Sr.ª Deputada Maria Manuela Saraiva, fez uma intervenção sobre Jean-Paul-Sartre, não exprimiu um voto. A pergunta que queremos formular à Mesa é se tem algum voto concreto acerca deste tema.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, na Mesa não há nada a não ser o texto que a Sr.ª Deputada Maria Manuela Saraiva leu.

Foi um homem que marcou positivamente o nosso tempo, pelo apelo a reflexão crítica, pela projecção da liberdade; foi um homem que odiava, detestava e desprezava os professores de Filosofia, principalmente aqueles que eram mais académicos.

Risos do PS.

Jean-Paul-Sartre foi também um militante antifascista e um membro da resistência e num texto maravilhoso da Situationes VII fala de uma voz que ouviu no escuro, no tempo da ocupação alemã, quando angustiadamente ouvia nas emissões da Rádio da Liberdade a voz do general De Gaulle. Nesse texto diz que vieram todos à rua ouvir uma voz que gritava e que aí chegados não viram ninguém e diz que nesse momento compreendeu que quem gritava eram todos os humilhados, ofendidos e oprimidos franceses e da Guerra Civil de Espanha que o Governo Francês tinha deixado cair. Hoje, nós entendemos porque é que Jean-Paul-Sartre não podia identificar voz: é que essa voz era a voz do próprio Jean-Paul-Sartre!

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Jean-Paul-Sartre foi também um homem de ligação entre as culturas. Não foi dito aqui, mas é importante recordá-lo, que recusou os honorários e que nomeadamente recuso o Prémio Nobel da Literatura para poder ser sempre um elemento de ligação entre o Leste e o Este. Jean-Paul-Sartre foi o homem que criticou o totalitarismo dos países socialistas, mas foi também o torne aeeeee que disse que «todo o anticomunista é um cão», j

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Perde a cultura mundial uma grande figura, perde a França grande homem, perdemos todos nós um mestre pensamento. Recordo aqui assim um homem e contemporâneo de Jean-Paul-Sartre, que infelizmente não pertence já ao número dos vivos, André Malraux, e recordo o texto em que André Malraux a entrada no Panteão de Paris das cinzas de Moulin: «Os sinos que hoje ouvimos são a r directa aos sinos quê ouvimos no dia da li de Paris quando a resistência francesa e as f