O Sr. Vital Moreira (PCP): - Era 10$, que aldrabice!

O Sr. António Campos (PS): - 11$!

O Orador: - Eu explico, porque parece que em questões agrárias os Srs. Deputados não sabem trabalhar com os números.

Risos gerais.

Os Srs. Deputados confundem o preço de tabela de um produto com um subsídio que foi concedido pelos Governos, dadas as, condições climatéricas e a baixa produção de trigo em Portugal.

O Sr. António Campos (PS): - Quanto é que os agricultores recebiam?

O Orador: - É por essa razão que foi instituído um subsídio de trigo de 2$20 por quilograma,

O Sr. António Campos (PS): - O que dá 11$!

O Orador: - Eu explico-lhe, para que o Sr. Deputado fique a perceber. É preferível para o agricultor receber o preço de 12$54 com uma produção de 1300 quilos do que receber 11$ com uma produção de 600 quilos, que foi a produção de 1978 e de 1979:

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Essa é digna do Casqueiro!

Risos do PCP

O Orador: - Claro que os especialistas em economia do Partido Socialista sabem que o preço do trigo em Portugal é fixado tomando por base, o preço das contas de cultura, dividindo-o depois por 1300 quilos, que é a quantidade que se calcula como média desejável por hectare de trigo para o nosso país.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - E por hectómetro?

Risos do PCP.

O Orador: - Mas falando nos outros produtos, concretamente do caso do milho, este teve durante os Governos socialistas um aumento de 25% no, Governo da Aliança Democrática teve um aumento de 28,4%.

Risos do PCP.

Como se demonstra, o Governo da Aliança Democrática não é um Governo contra os agricultores. Pelo contrário, apoia-os e é por uma perspectiva de desenvolvimento para a agricultura portuguesa..

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - De almoços percebe!

Uma voz do PCP: - E o preço do tomate?

O Orador: - Mas como falaram do problema do leite e o fizeram de uma forma mais do que demagógica, perfeitamente, desonesta, dando a esta Câmara uma imagem que não é correcta, gostaria de esclarecer.

Há neste momento em Portugal uma produção de leite que é excedentária durante um determinado período do ano, de Abril a Setembro, o que obrigou o Governo a adoptar para este ano uma nova política do preço do leite. O resultado está à vista.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Ai está, está!

O Orador: - Durante o mês de Fevereiro de 1979 o consumo de leite foi de 29 milhões de litros, durante o mês de; Fevereiro de 1980, mercê da política que vem seguindo-se de apoio às cooperativas e ao fomento do consumo de leito em Portugal, aumentou-se o consumo para 39 milhões d& litros, ou seja mais 10 milhões de litros.

Vozes do PS e do PCP: - Que exagero!

O Orador: - O excesso de leite em Portugal dá origem ao seguinte facto: em 1979 tiveram de se gastar mais de 100000 contos para transformar o leite em natureza, que havia em excesso, em leite em pó. A política do Governo visa exactamente aumentar o consumo de leite no nosso país e diminuir os custos da transformação para leite em pó.

Devo ainda esclarecer os Srs. Deputados que o consumo de leite em Portugal é de 52 quilos por habitante, enquanto nos países desenvolvidos da Europa se Situa acima dos 100 quilos de leite por habitante. Esta é uma política que, defendemos, apoiamos e queremos prosseguir.

O Sr. Manuel da Costa (PS): - Então não há leite a mais.

O Orador: - Referiu o Sr. Deputado António Campos que o Governo contribuía para diminuir o nível de vida e para tornar mais pobres os agricultores portugueses. No entanto, e em relação à população rural do nosso país, os dados de 1973 são os seguintes: o produto agrícola bruto era em 1973 de 18300000 contos, tendo, mercê da política seguida pelos Governos comunistas e- socialistas, em 1978, para 14 milhões de contos.

Risos do PCP.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - O CDS estava no Governo, era o acordo PS/CDS!

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - E os acordos secretos PS/PCP?

O Orador: - Dado que houve...

Uma voz do PCP: - São efeitos do almoço de Braga.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, peco-lhes o favor de ouvir em silêncio.

O Orador: -- Sr. Presidente, compreendo que a aposição esteja nervosa, porque não gosta de ouvir a verdade.

Risos do PS e do PCP.