O Orador: - Outra coisa interessante ficou provada neste debate, ou seja, a de que entre a oposição e o Governo a coerência dos partidos da AD é a que existe entre o sim e o não: fora do Governo, o PSD reclama pelo Poder Local e exige a imediata e integral aplicação da Lei das Finanças Locais; quando no Governo, poucos meses mais tarde, sonega simplesmente 25 milhões de contos às autarquias.

Vozes do PS: - Muito bem!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Fora do Governo, exigem orçamentos curtos, criticam despesas do Estado, clamam contra os impostos, querem o Orçamento equilibrado e os funcionários públicos aumentados. No Governo, uns meses mais tarde, desequilibram o Orçamento, aumentam os deficits e esquecem-se dos funcionários públicos. Fora do Governo, exigem o equilíbrio das contas externas, o aumento do emprego e o crescimento da produção. No Governo, uns meses mais tarde, desequilibram as balanças de pagamentos, gabam-se de 19000 novos postos de trabalho a criar este ano e expandem a economia tanto como no ano anterior.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Aí está um autocrata perfeito!

O Orador: - Os factos falam por si. O que não ficamos a saber é se valem as exigências da AD no tempo da oposição, as promessas eleitorais ou as propostas actuais do Governo, o tempo dirá. As conclusões virão mais tarde e o povo dirá a última palavra.

Vozes do PS: - Muito bem!

estrutura da nossa economia, é melhor não falar: tudo se reconduz à questão dos sectores de propriedade e do papel da iniciativa privada. Todos os grandes desequilíbrios não passam pelas preocupações deste Governo, preocupado que anda em construir um quadro de aparente comodidade económica conjuntural, seja qual for o preço dessa ficção no dia seguinte às eleições e seja quem for que o tenha de pagar.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - E quanto a desequilíbrios de fundo, contenta-se o Governo, à laia de boa consciência, de que a sua fé sem limites nos mecanismos de mercado venha a restabelecer todos os equilíbrios, sanar todas as assimetrias, resolver todas as grandes necessidades sociais, desde que tais mecanismos possam funcionar plenamente, apoiados pela actividade do grande capital nacional em vias de reconstrução e das facilidade a dar ao capital estrangeiro.

O Sr. Ferreira do Amaral (PPM): - Isso é um exagero!

Orador: - Por isso não admira, quer porque a AD não tem tempo para isso agora, quer porque na sua lógica tais problemas, são de menor importância, a despreocupação demonstrada com a questão ao desemprego.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Isso é falso!

O Orador: - Os salários baixos e o desemprego funcionam na lógica do seu modelo de sociedade come o pão para a boca da dita grande iniciativa capaz de salvar os Portugueses, resolvendo os seus problemas de fundo.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Isso é falso!

O Orador: - É por tal que a questão do desemprego não é vista com prioridade como necessidade social a satisfazer, antes como elemento e resultado de um qualquer equilíbrio a decorrer da plena vigência do mercado sem limites.

Não é, portanto, por acaso que, quer em matéria de medidas de fundo (que não existem), quer em matéria de política conjuntural, a questão do desemprego não ultrapassa na lógica deste Governo e do seu projecto Os limites de um voto piedoso, ainda que bem aproveitado em campanha eleitoral.

Não era, pois, de esperar algo de novo capaz de obviar a tão gritante problema.

O que nos, preocupa, isso sim, são os reflexos que as diversas políticas sectoriais da conjuntura possam a curto prazo produzir na situação do emprego. Ou seja: o que nos preocupa não é o que o Governo não faz para resolver o problema do emprego, é antes o