de fabrico de celulose, material que custou alguns milhões de contos, que .paga milhares de contos de juros e armazenagem e que nada produz. A sua instalação espera apenas luz verde por parte do Governo.

Por que se não avança rapidamente e em força com este processo?

Sabemos que podem pôr-se certas objecções à montagem de mais uma fábrica deste tipo, a principal das quais se referirá necessariamente à poluição. Reconhecemos a justeza de tais receios. Mas toda a indústria é mais ou menos poluitiva. Não queremos, de certo, a anarquia neste campo. Todavia, também pensamos que estes inconvenientes poderão ser altamente minorados com um estudo adequado sobre a sua localização e o necessário tratamento dos respectivos efluentes.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Mas se os inconvenientes apontados podem ser de vulto, as vantagens para o País da referida instalação mais que os sobrelevam.

Assim.

1.º Criar seriam maus umas centenas de postos de trabalho, tão necessários, dado o elevado número de desempregados;

2.º - Teríamos um melhor aproveitamento da matéria-prima existente, o que beneficiaria milhares de pequenos e médios lavradores, pois passariam a dispor de maior facilidade na venda e a melhores preços;

3.º - Sabemos ainda da existência de grandes stocks de madeira em depósito que estão a apodrecer, dada a incapacidade de consumo actualmente existente, o que representa um enorme desperdício.

4.º - Evitava-se a exportação, que neste momento está suspensa, quanto a mim erradamente, da madeira em toros, principalmente, para Espanha. É certo que a Espanha paga a madeira mais cara que as nossas fábricas. Contudo, o lavrador nada lucra com isso, pois a madeira continua a ser-lhes paga pelos compradores na base dos preços praticados pelas nossas celuloses. O lucro fica, assim, nos intermediários e não nos produtores. A exportação traduz-se numa vantagem de poucos e no prejuízo de toda a economia nacional. Senão vejamos: cada éster de madeira é pago na fronteira de Espanha a preços talvez superiores, neste momento, a 1200$. Portanto, 4,5 st, em média, de madeira, tantos quantos são necessários para produz 11 de pasta de papel, rendem 4500$. Mas se forem transformados em Portugal, a tonelada de pasta produzida pela mesma madeira, é vendida por cerca de 22 500$. Conclui-se, pois, que a transformação em Portugal de 4,5 st de madeira de eucalipto se traduz num valor acrescido de cerca de 17000$. Aceitando, como possível, que a produção anual de uma nova unidade seja de 130 0001 de pasta, teremos um valor acrescido de mais de 2 milhões de contos, pagos em dólares.

Parece-me, assim, que nesta perspectiva e no. estado financeiro actual do País, não podemos dar-nos ao luxo de desprezar tal fonte de receitas e protelar por mais tempo a instalação da nova unidade industrial.

Mas enquanto isso não for possível não podemos também dar-nos ao luxo de proibir a exportação, sob pena de os pequenos e médios lavradores ficarem altamente lesados nas suas expectativas.

Alerto, pois, o Governo para que dedique a este problema a sua melhor atenção e encontre a mais rápida solução para o mesmo, dado que, com isso, beneficiaria todo o povo português e, de modo muito especial, os pequenos e médios produtores de madeira de todo o País, nomeadamente os do meu distrito - Aveiro -, onde o mesmo se põe com extrema acuidade.

A questão aqui a deixo. Certo estou de que o Governo a não descurará.

Aplausos do PSD, do PPM e de alguns Deputadas do CDS.

O Sr. Gomes Fernandes (PS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado certamente para pedir esclarecimentos.

O Sr. João Amarai (PCP): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Também para pedir esclarecimentos, Sr. Deputado?

O Sr. João Amaral (PCP): - Sim, Sr. Presidente

O Sr. Presidente: - Então, faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. João Amaral (PCP): - Sr. Deputado Valdemar Alves, que com atenção a sua intervenção e, em