pleno cabimento em inteira liberdade. Essa é a nossa concepção da Europa.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Nós não pretendemos transformar o processo de integração europeia de Portugal num alibi para impor transformações internas de carácter económico e social, assim como também nunca concordámos que Governos anteriores transformassem as suas visões particulares do modelo económico e social que defendem num alibi para demorar e atrasar a necessária e desejável integração de Portugal na Europa.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Pelo contrário, nós sempre dissemos -e não é a primeira vez que o estamos a dizer -, quando éramos partidos da oposição, qual era o nosso modelo económico e social, quais eram as transformações que, por razões de respeito para com esse modelo, por um lado, mas também por razões de eficácia no ataque à crise económica portuguesa, por outro, em nossa opinião, deveriam ser introduzidas. Para nós, essas transformações, por razões puramente nacionais e portuguesas, são necessárias e, uma vez introduzidas para resolver problemas que são portugueses, facilitarão naturalmente, em nossa opinião. A integração do País no Mercado Comum.

Não vamos, portanto, fazer da integração de Portugal no Mercado Comum o alibi para introduzir as transformações internas necessárias; vamos promover as transformações internas necessárias e com isso colocar-nos-emos em melhor posição para fazer também nas melhores condições a integração de Portugal no Mercado Comum europeu.

Não estamo s satisfeitos com a Europa que temos - naturalmente que não -, e as considerações que fiz sobre a necessidade de não restringir a concepção da Europa a um mero economicismo ou a uma mera economia de negócio ou a uma mera Europa comercial são a prova evidente de que não estamos satisfeitos com a Europa que temos e que, portanto, ao entrarmos para a Europa, seremos portadores também de um projecto de tentativa de transformação dessa Europa nalguma coisa de melhor do que aquilo existe actualmente.

No entanto, nós pensamos que a Europa tal como está é alguma coisa a que vale a pena aderir e de que vale a pena ser membro porque as suas potencialidades e virtualidades de transformação e de evolução qualitativa são muito grandes e é sem dúvida o espaço político onde maiores são essas potencialidades e onde mais vale a pena apostar para conseguir uma melhoria qualitativa com vista ao futuro.

Não partilhamos com o Partido Socialista a concepção de procurar fazer evoluir a Europa para a transformar naquilo a que o Partido Socialista por vezes tem chamado -mais na oposição do que no Governo- a Europa dos trabalhadores

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Porque para nós a' Europa, se tem de ser certamente a Europa dos trabalhadores, não pode ser apenas a Europa dos trabalhadores, não pode ser uma Europa classista, tem de ser uma Europa interclassista, onde todos os grupos, onde todas as classes, onde todos os interesses, possam ser harmonizados e compatibilizados, como já disse, num projecto verdadeiramente democrático, que é aquele para que apontamos e que desejamos.

Vozes do PSD, do CDS e do PPM: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Deputado Jorge Sampaio ocupou-se depois de um outro aspecto que tem a ver com a Europa, e que eu de facto não abordei no meu discurso, que é o problema do papel da Europa unida do futuro no Mundo.

Também não se estranhará que a concepção deste Governo não coincida com a concepção preconizada pelo Sr. Deputado Jorge Sampaio, mas há um ponto, porventura, em que estaremos de acordo. É que nós queremos de facto, fazer da Europa uma Europa europeia, uma Europa que, precisamente pela sua unidade e pela sua consistência política, seja capaz de ter uma voz própria e autónoma no concerto das nações, que possa ser um polo de equilíbrio e de paz no Mundo e que possa contribuir de uma forma positiva para uma nova situação de estabilidade, de segurança, de paz e de liberdade no Mundo.

Não é verdade que nós estejamos a apontar para uma orientação que nos encaminhará para uma maior dependência. Pelo contrário, nós pensamos que a forma como melhor poderemos salvaguardar a nossa independência é a de seguir a orientação que preconizamos, e não estamos convencidos de que uma política externa com laivos de terceiro-mundismo ou de não alinhamento ou, pelo menos, de menor alinhamento dentro do grupo político e diplomático a que pertencemos seja a melhor forma de defender e consolidar a independência do nosso