expressão que com certeza não tem o visto dos juristas da sua bancada. Essa expressão é a de que «há sectores que estão constitucionalmente vedados à iniciativa privada». Ora desejava que o Sr. Deputado me indicasse o artigo da Constituição em que são descritos e enumerados os sectores vedados à iniciativa privada.

Queria ainda colocar-lhe uma questão relacionada com aquilo que disse, de que a situação financeira agora é folgada. Há uma espécie de regresso à idade do ouro em Portugal. A crise alastra por todos os lados «como nódoa de azeite», diria um meu ex-professor de Finanças, mas em Portugal, não. Em Portugal a maioria de esquerda fez um paraíso, toda a gente sente isso e foi até por isso que a Aliança Democrática ganhou as eleições.

Risos do PSD, do CDS e do PPM.

Ora queria perguntar-lhe para quem é que a situação foi realmente folgada. Isto é, por outras palavras, quais foram realmente os filhos-família da «pesada herança» e do «grande empréstimo»? Suponho que é importante responder a esta pergunta.

O Sr. Deputado disse que os trabalhadores estão ameaçados. Mas perguntar-lhe-ia quem é que tem contribuído para que a quebra dos salários reais tenha sido feita pacificamente e sem protestos dos trabalhadores? Terá sido a Intersindical? Pelo menos parece que só podia ter sido a Intersindical. Para que é que tem servido a Intersindical senão para domesticar os trabalhadores.

Risos do PCP.

... perante a manifesta e clara queda dos salários reais em Portugal? Quem é que deu os 2 600000 votos à Aliança Democrática? Foram os capitalistas ou foram os trabalhadores, os trabalhadores que ainda esperam vencer a sua batalha contra a pobreza e contra o Partido Comunista, porque as duas batalhas são simultâneas?

O Sr. Deputado fala de submissão ao imperialismo e diz que isso mesmo se verificou agora durante a intervenção do Vice-Primeiro-Ministro. Pergunto-lhe: que submissão ao imperialismo é que se verificou? Foi a do Partido Comunista em relação à União Soviética ou foi a nossa? Quem cala consente e quem se calou aqui foi o Partido Comunista que não disse uma única palavra ante a invasão do Afeganistão pela União Soviética.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - O Partido Comunista é cúmplice pelo silêncio, porque quem cala consente, da invasão do Afeganistão pela União Soviética.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

As coisas, aliás, são demasiado evidentes para precisarem de ser questionadas, mas o Partido Comunista insiste sempre nestas questões e suponho que é oportuno também fazer-lhe as perguntas que atrás coloquei.

Faria apenas uma última pergunta ao Sr. Deputado Carlos Brito, que com certeza, vai saber responder, pois o Partido Comunista tem sempre resposta para todas as questões, sabendo-se também que normalmente é sempre a mesma resposta.

Em todo o caso, fazia-lhe uma última pergunta, esperançado nos restos de imaginação que pode ter um Deputado brilhante como o Deputado Carlos Brito.

Essa última questão relaciona-se com o que o Sr. Deputado disse, de que o domínio dos sectores básicos garante o contrôle de qualquer economia. Proporia então a esta Assembleia uma adivinha face a este axioma definido pelo Sr. Deputado Carlos Brito: quem é que controla a economia portuguesa?

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Os gestores do CDS!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Roseta.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero começar por declarar que não vou fazer perguntas, porque já ouvi este discurso em qualquer parte, e se faço perguntas vou ter de o ouvir outra vez. E não quero isso.

Risos do PSD.

Uma voz do PCP: - Então cala a boca!

O Sr. Lacerda de Queirós (PSD): - Muito bem!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - O Pedro Roseta está em baixo de forma!

O Orador: - Depois, como já tive ocasião de dizer aqui por várias vezes, há um consenso, uma praxe estabelecida nesta Assembleia que leva os partidos, as coligações a tratarem-se entre si, pelo menos nos limites desta Câmara, pelas designações oficiais que estão consagradas. É uma regra de cortesia que nada custa a manter e que, se for quebrada por uns, poderá ser quebrada por todos e poderá levar à lei da selva neste Parlamento. É evidente que nada me repugna considerar a vossa aliança como uma aliança estalt-