não invertamos os termos: as coisas não são boas por serem nacionalizadas mas são nacionalizadas para serem boas.

O Sr. Ferreira do Amaral (PPM): - Muito bem!

O Orador: - Se não conseguem ser, não podem continuar a ser nacionalizadas.

Aplausos da maioria parlamentar.

Sabemos que esta hipoteca tem pesado na economia portuguesa nestes últimos cinco anos de uma forma lancinante e que continua por definir; sabemos que tem conduzido avarias derrotas governamentais; sabemos que tem conduzido a verdadeiros paradoxos mentais; sabemos que continua a ser indefinida doutrinariamente e a ser um problema essencialmente de carácter sentimental. Sabemos que no prazo, pelo menos, de um ou dois anos a definição deste problema é1 uma definição que tem que ter um carácter nacional, total, democraticamente encontrado e que temos que encontrar, de facto, um sistema económico que reúna o aplauso da maioria, mas da grande maioria, do povo português.

Vozes do PSD e do CDS: - Muito bem!

O Orador: - É a isso que penso que se dirige o esforço do actual Governo. Não é, de maneira nenhuma, em violar a Constituição mas é em ter compreendido que, sem ressurreição e sem incentivação do sector privado, não há possibilidade de restauração económica do País. É tarde demais, ao fim de cinco anos, para continuarmos a acreditar que é através do sector público e dos burocratas do mesmo sector que se pode restaurar e fazer a felicidade em Portugal.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Não acreditamos nisso e as classes trabalhadoras também em devido tempo, começarão a não acreditar, apesar de estarem demasiadamente mistificadas pelo social-colectivista.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Para terminar a minha intervenção, devo dizer que os reformadores estão essencialmente ao lado deste Programa do Governo, embora seja um Programa que, em muitas situações e em muitos casos, não atinge o concreto das nossas soluções, como seja em relação ao problema da habitação e ao problema da saúde, que nós quereríamos ver mais longe e mais explicitados. Inclusivamente defendemos uma nacionalização dos solos urbanos, defendemos a municipalização total dos planos de urbanização e entendemos que só .numa visão conjunta deste problema é possível resolver rapidamente o problema da habitação em Portugal. É preciso deslocar definitivamente das alfurjas camarárias o negócio dos planos de urbanização em que entram, e ao fim de cinco anos, depois de se pagar largamente toda uma teia de funcionários, uma pessoa consegue fazer um largo negócio de urbanização. É preciso, pois, que o negócio se desloque da urbanização para a construção, para as empresas industriais de construção, onde deve estar situado, e que devem ter sempre à sua disposição, postos pelas entidades públicas, terrenos devidamente urbanizados. Esse será o primeiro passo para resolver o problema da habitação em Portugal.

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Este é um problema urgente. Penso que cabe ao actual Governo, nestes nove meses, lançar as bases da sua solução.

A gratidão que o povo português por ele terá será incomensurável, porque fartos de promessas andamos nós, Portugueses, e no dia em que for resolvido um problema como o da casa para cada um de nós e para os nossos filhos, esse Governo 'bem merecerá da Nação e terá justificado o seu acesso ao Poder e a sua continuação nesse mesmo Poder.

Aplausos da maioria parlamentar.

vra ao Sr Deputado Jerónimo de Sousa, seguindo-se a Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura.

Estão suspensos os nossos trabalhos.

Eram 20 horas e 30 minutos.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão. Eram 22 horas e 20 minutos.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Sr Presidente, Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Sr. Ministro da Administração Interna: No sector do trabalho, o Programa agora em debate é bem a imagem deste Governo, assim como daquilo que pensa e pretende fazer em relação aos direitos e conquistas dos trabalhadores portugueses.

Para além das generalidades e dos lugares-comuns que estão espalhados por quase todo este capítulo, a verdade é que sempre que o Governo fala de coisas. concretas as conclusões são profundamente preocupantes.

Uma coisa se pode afirmar desde já.