Nós não estamos é de maneira nenhuma de acordo em que se considere que o único caminho para o serviço nacional de saúde seja o proposto pelo Partido Socialista. Se a Constituição nos disser que temos que atingir o Porto, isso não quer dizer que temos de ir só por uma estrada; há várias estradas para atingir o mesmo fim.

O Sr. Manuel da Costa (PS): - Os bolsos!

O Orador: - E exactamente o Partido Social-Democrata encontra outras vias para resolver o problema do Serviço Nacional de Saúde.

Também não aceitamos que o Sr. Deputado venha em defesa dos médicos. Agradecemos a intenção...

Risos do PS e do PCP

... mas os médicos sabem defender-se a são próprios e sabem também defender os interesses da população. Aliás, não percebo porque é que em discussão sobre matéria de saúde, por exemplo, o Sr. Deputado se preocupa tanto com a gestão democrática dos hospitais.

Neste momento existe uma gestão democrática dos hospitais proposta pelo Partido Socialista e eu pergunto s(c) com essa gestão democrática os hospitais estão a fornecer melhores cuidados de saúde do que antes.

Vozes do PSD: - Não!

O Orador: - Claro que não.

A gestão democrática faz tanta falta nos hospitais como faz falta nas outras empresas, mas não é a solução nem é indispensável para que os hospitais funcionem bem.

Ao ouvir falar de política de saúde julgava que o Sr. Deputado se ia preocupar com as más instalações dos Hospitais Civis de Lisboa, com o subaproveitamento dos hospitais distritais, com as carências dos hospitais concelhios, porque isso sim é necessário e urgente resolver.

Não era com a demagogia do Partido Comunista e do Partido Socialista quando nesta Câmara defenderam o Serviço Nacional de Saúde, que acabou por ser aprovado pela então maioria de esquerda, que o problema da saúde se ia resolver. Nem com esse Serviço Nacional de Saúde nem com a demagogia nele imposto.

O Sr. José Nisa (PS): - Não apoiado! Não é demagogia.

O Orador: - Há necessidade de cuidar urgentemente da saúde em Portugal, todos nós o sentimos, mas nunca aqui foram apontados os verdadeiros caminhos a seguir. Apontemos, pois, para factos concretos. Eu, por mim, aguardo que o Governo faça uma intervenção...

O Sr. José Nisa (PS): - Intervenção cirúrgica!

O Orador -..., se a fizer, sobre segurança social e saúde, para tomar uma posição. Todavia, devo dizer que discordo totalmente que o problema do

Serviço Nacional de Saúde e da assistência às populações passe pela «gestão democrática» dos hospitais. É ser-se muito pouco exigente, meus amigos.

Aplausos do PSD e do CDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para responder. Sr. Deputado José Ernesto Oliveira.

O Sr. José Ernesto Oliveira (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar, quero dizer ao meu ilustre colega, pelos vistos médico também e Deputado, que penso que não só os médicos do PSD têm o direito, nesta Assembleia, de falar em termos de medicina. Também os médicos comunistas aqui, como lá fora, o têm.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Nós julgávamos que eram todos operários!... O PCP está a ter muitos doutores...

com a participação dos trabalhadores nessa gestão. É, aliás, uma medida de acordo com os interesses que o PPD defende, é uma medida de acordo com aquilo a que o Partido Social-Democrata em matéria d« saúde e em outras tem habituado os trabalhadores portugueses.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Almeida Santos para formular um protesto.

O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Pareceu-me ter ouvido o Sr. Deputado Malato Correia dizer que a maioria de esquerda nesta Assembleia aprovou uma lei demagógica. Se não foram estas as palavras, penso que retive bem o sentido.

Eu queria só protestar porque, em eu entender, e penso que no entender da generalidade dos Deputados, ao que parece só com excepção do Sr. Deputado Malato Correia, a vontade do povo expressa pela maioria nesta Assembleia, qualquer que seja, nunca pode ser demagógica.

Vozes do PS: - Muito bem!