O Sr. Luís Catarino (MDP/CDE): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Vice-Primeiro-Ministro: Entendemos que, independentemente dos sucessos havidos nesta viagem ao estrangeiro por parte da embaixada do Governo, independentemente dos efeitos de ordem pessoal, físicas ou morais, que lamentamos, o problema se situa numa base essencialmente política. Se isto também diz respeito directamente aos insucessos da AD e do seu Governo, a verdade é que são problemas ligados aos interesses superiores do povo português e às forças políticas deste Parlamento ...

Vozes do PCP: - Muito bem!

Vozes do PCP: - Muito toem!

O Sr. Ferreira do Amaral (PPM): =- Tem de ir à consulta do médico dos ouvidos!

O Orador: - Para termos um teste acerca da capacidade de organização e de previsibilidade do nosso Governo, designadamente do Ministério dos Negócios Estrangeiros, gostava de colocar-lhe uma outra pergunta: numa representação desta envergadura e desta importância, independentemente da posição específica que nós temos sob o ponto de vista política quanto à integração na CEE, não foi previsto pelo Governo, nem pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, a eventualidade de uma incapacidade do Sr. Primeiro-Ministro para assim assegurar a prossecução das conversações que tanto significado assumiam para a nossa vida nacional?

Risos do PSD, do CDS e do PPM.

Sr. Primeiro-Ministro gostaria que especificasse o mais rigorosamente possível quais os governos que estariam dispostos a receber a embaixada chefiada por V. Ex.ª, quais os governos que eram indiferentes em receber V. Ex.ª ou o Sr. Primeiro-Ministro à frente da embaixada -uma vez que disse que houve governos com posições diversas- e em que termos pensa o Governo reconstituir estas conversações e este programa subjacente a esta empresa europeia.

Aproveitando a presença de V. Ex.ª no Plenário queria fazer-lhe duas perguntas: tendo q Governo AD comunicado ao Comité Olímpico Internacional a sua ideia de que seria certo para os interesses de Portugal a não representação do nosso país nos Jogos Olímpicos de Moscovo e atendendo a que o Comité Olímpico Português decidiu o envio da embaixada, qual é o apoio, sejam eles de que natureza forem (económico ou diplomático), que pensa o Governo dar à nossa representação nos Jogos Olímpicos?

Tendo V. Ex.ª anunciado a nomeação do Dr. José Outeiro e Silva Marques para as Embaixadas no Maputo e em Luanda antes de ter sido dado o agrément dos respectivos Estados, não acha estranha a ocorrência ter sido feita ao contrário de todas as praxes diplomáticas em uso?

Eram estas as perguntas.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, os termos em que as questões estão a ser colocadas ao Sr. Primeiro-Ministro...

Risos do PS e do PCP.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - É isso, é!

O Sr. Presidente: -..., aliás, ao Sr. Vice-Primeiro-Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros estão a transcender o motivo específico desta reunião, que é o da deslocação a Londres, e estão a ser levantadas questões que realmente estão quase a transformar esta reunião numa interpelação sobre a política externa em todos os sectores.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): -Exactamente!

O Sr. Presidente: - Peço, por isso, aos Srs. Deputados que, sendo possível, se restrinjam ao objectivo específico que foi suscitado ontem pelo Sr. Deputado João Lima, que estava no pleno direito de, o fazer, e que determinou a presença do Sr. Vice Primeiro-Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros hoje aqui. Tem a palavra o Sr. Deputado João Lima.

O Sr. João Lima (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sr. Vice-Primeiro-Ministro...

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Primeiro-Ministro!

Risos do PS e do PCP.

O Orador: -.... antes de mais temos certamente de nos congratular pela presença aqui do Sr. Vice-Primeiro-Ministro que pressurosamente veio dar resposta a algumas questões que eu próprio, em nome do meu partido, ontem aqui lhe formulei, tal como teremos obviamente de lastimar a ausência do Sr. Primeiro-Ministro que realmente é a figura central de todo este problema dado que, como hoje nos foi aqui certificado, representaria a dominância de uma acção governamental na Europa que consideramos falhada.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Isto é vergonhoso!

O Orador: - Mas sem querermos nós diminuir a categoria governamental do Sr. Vice-Primeiro-Ministro é com ele que vamos aqui falar e expor algumas questões no seguimento da nossa intervenção de ontem.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Começa muito mal.