Amaral utilizou, num estilo que já vem sendo habituai nesta Câmara, ao qualificar a política do Governo da Aliança Democrática.
Felizmente que o Governo da AO tem uma política contrária à do PCP.
Vozes do PSD e do CDS: - Muito bem!
Vozes do PCP: - Felizmente!
O Orador - A política do PCP é a política da submissão total e completa aos desígnios da União Soviética.
Aplausos do PSD, do CDS, do PPM.
Vozes do PCP: - É a cassette!
O Orador: - Não sendo necessário acrescentar mais nada, lembro apenas o facto de o PCP ter aplaudido a invasão do Afeganistão pelas tropas da União Soviética, como, aliás, já tinha feito em relação à invasão da Checoslováquia e de todos os países subjugados por essa potência e por esse país imperialista.
Vozes do PSD e do CDS: - Muito bem!
O Sr. Vital Moreira (PCP): - A cassette!
O Sr. Carlos Brito (PCP): - Oh! Que pobreza de espírito...
O Orador: - A Aliança Democrática definiu claramente a sua política externa ...
Uma voz do PCP: - É um desastre!
O Orador: - ...é uma política de independência nacional, ao mesmo tempo que é uma política de solidariedade para com os países da Europa Ocidental, que cultivam e defendem valores que são comuns ao nosso património político e cultural.
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador: - Estamos perante uma ameaça gravíssima do bloco soviético...
Risos da PCP.
...que tem utilizado a boa vontade dos países ocidentais e a sua disponibilidade para a paz, para a pouco e pouco, ir aumentando a sua esfera de influência por uma forma, directa ou indirecta, escandalosa. A União Soviética não recuou perante acções directas, o que constitui a ofensa mais brutal, a ofensa mais clara aos princípios fundamentais por que se rege a sociedade mundial e aos princípios da democracia.
Vozes do PSD: - Muito bem!
Protestos do PCP.
O Orador: - O Governo da Aliança Democrática e, felizmente, a grande maioria do povo português são solidários com os países da Europa Ocidental enquanto defendem a liberdade e a democracia, valores que estão em causa se não se adoptar uma atitude de firmeza e de muita prudência em faca de países que negam em todas as suas acções esses valores fundamentais para as sociedades políticas do mundo hodierno.
O Sr. Presidente: - Falta um minuto para esgotar o tempo de que dispunha, Sr. Deputado.
O Orador: - Eu não podia deixar de uma vez mais lembrar, porque é necessário desmascarar este tipo de intervenções depois das afirmações perfeitamente claras do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, que é autêntica calúnia e vil política continuar-se a falar no fracasso da digressão europeia.
Vozes do PSD: - Muito bem!
Risos do PCP.
O Orador: - Não houve qualquer fracasso. Portugal saiu prestigiado pela forma como o? povos da Europa trataram o nosso pais a propósito do acidente de que foi vítima o Sr. Primeiro-Ministro.
A Sr.ª Ercília Talhadas (PCP): - Apareceu na Eurovisão!
O Orador: - Aliás, o nosso país está cada vez mais prestigiado no contexto das nações mundiais, especialmente no contexto das nações da Europa.
É isto o que pesa ao PCP, ou seja, é o facto de nós termos um Governo que definiu claramente uma política e que a está a executar com toda a coerência e com toda a firmeza.
O Sr. Presidente: - Peço-lhe que abrevie, Sr. Deputado.
O Orador: - Esta é uma política contrária àquela que o PCP defende, que é pura e simplesmente uma política de submissão completa à União Soviética e aos seus desígnios imperialistas.
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.
O Sr. Presidente: - Também para um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Ferreira do Amaral.
O Sr. Ferreira do Amaral (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Depurados: Nós não reconhecemos ao PCP legitimidade, para defender qualquer política externa portuguesa.
Aplausos do PPM, do PSD e do CDS.
Protestos do PCP.
Reconhecemos» isso sim, ao PCP fidelidade - e esta e fidelidade canina - para defender uma política externa de um país que não é Portugal: a União Soviética.
Aplausos do PPM, do PSD e do CDS.
Risos do PCP.
Aliás, há poucos dias ...
O Sr. Jorge Leite (PCP): - Franco Nogueira dizia melhor essas coisas...