O Sr. José Manuel Casqueiro (Indep.): - Sr. Presidente, primeiro, e com muito agrado, vou responder ao Sr. Deputado Vítor Louro.

O Sr. Deputado com certeza que deve andar distraído e não tem visto sequer as estatísticas ou não tem tido o cuidado de olhar para elas atentamente. Falou o Sr. Deputado na diminuição da produção e culpou o tempo. Claro que temos tanta infelicidade que a produção dos três últimos anos ronda à volta das 200 000 t, o que é equivalente àquela que tínhamos há cinquenta anos, quando quase não havia tractores em Portugal.

Risos do CDS.

Claro que não é culpa só do tempo, e poder-lhe-ia demonstrar tal facto, mas isso levava-me a perder tempo e não estou disposto a tal.

O Sr. Vítor Louro (PCP): - E eu também dispenso!

A Sr.ª Zita Seabra (POP): - E do dia anterior e do dia seguinte!

Risos do PCP,

...do que tinha entregue em 1977.

Não se riam. Tenham calma. O riso é às vezes uma forma de demonstrar a fraqueza...

Vozes do CDS: - Muito bem!

Risos do PCP.

O Sr. Alexandre Reigoto (CDS): - É riso amarelo!

O Orador: - Se olharmos para o balanço da Reforma Agrária feito no jornal o diário de 24 de Junho de 1977, que não põem certamente em causa, aí se diz que «o sector colectivo é responsável pela produção de 43 % do trigo nacional e o que se verifica em 1979 é que o sector colectivo é responsável somente por 29 %> da produção de trigo nacional». Penso que estes números não podem ser contestados. Não são meus estes números, são números do Instituto que agora é responsável pela comercialização de cereais em Portugal.

O Sr. Henrique de Morais (CDS): - Então agora não se riem?!...

O Orador: - Em relação às afirmações do Sr. Deputado António Campos, registo com agrado a sua primeira declaração de que o Partido Socialista está descontrolado. Acredito que a minha intervenção os descontrole...

Protestos do PS.

O Sr. António Campos (PS): - Eu não disse nada disso.

O Orador: - Tenham calma. Há tempo para tudo...

Risos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. António Campos (PS): - Dá-me licença que o interrompa?

O Orador: - Sr. Deputado, penso que não sou obrigado a dar-lhe tempo e como não lho dou, peço-lhe por isso, que não me interrompa.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Raul Rego (PS): - Então não falsifique as palavras!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, peço o favor de não estabelecerem diálogo. O Sr. Deputado António Campos terá ocasião de formular um protesto na altura própria.

O Orador: - O Sr. Deputado António Campos disse que ao ouvir a minha intervenção a não identificava com o Programa do Governo e que isso significava para si descontrolo efectivo e natural por parte do Partido Socialista. É que quem nunca teve uma política agrícola, como aconteceu com o Partido Socialista, é natural que se encontre agora nesta situação de descontrolo e sem qualquer força moral para falar nesta altura. Tenho dúvidas, quando olho para a bancada do Partido Socialista, em saber definir quando é que a bancada do Partido Socialista defendeu um projecto agrícola: não sei se quando apoiava Lopes Cardoso, se quando apoiava António Barreto ou se quando apoiava Luís Saias!...

Vozes do PSD, do CDS e do PPM: - Muito bem!

O Orador: - Mas não critico a política agrícola do Partido Socialista, porque não se pode criticar aquilo que não existe. O Partido Socialista não tem política agrícola!

Vozes do PSD, do CDS e do PPM: - Muito bem!

O Orador: - Quanto ao protesto do Sr. Deputado Carlos Brito, em nome da bancada do Partido Comunista, penso que o Sr. Deputado deve ter feito uma grande confusão. É que eu nunca afirmei, nem permito, tão-pouco, a identificação dos trabalhadores rurais com o Partido Comunista!

Vozes do PSD, do CDS e do PPM: - Muito bem!

Risos do PCP.