o que foram os milhões de crimes feitos pelo regime soviético ao longo da História, de que não falou nos campos de concentração existentes na União Soviética, onde estão cinco milhões de russos, ele que sabe o que foram os crimes de Estaline... Então, se sabe disso, não fale e não se diga amante da paz e democrata sem ter a coragem de condenar a miserável política expansionista da União Soviética e a sua política opressiva do seu próprio povo.

Ele diz que, teoricamente, teria lutado pela liberdade do povo português, mas porque é que não fala da liberdade dos povos escravizados pela União Soviética que são em número de muitas centenas de milhões?

É verdadeiramente repugnante esta duplicidade de critérios daqueles que ousam condenar determinados actos que são feitos por uns, mas que não os condenam se são feitos por outros.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Isto foi realmente uma intervenção para esquecer, mas foi bom que tenha sido feita, porque é a prova do que é realmente o Partido Comunista... Português (com interrogação).

Aplausos da maioria parlamentar.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Que baixeza, que repugnante!

O Orador: - Repugnante é você!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Nunes.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A primeira questão que vos coloco é esta: esgotámos já o nosso tempo, autorizam-nos os Srs. Deputados que usemos da palavra para dizer também alguma coisa sobre este assunto ou não?

Pausa.

Uma vez que ninguém se opõe, vou usar da palavra, pois julgo que cabe ao Partido Socialista uma palavra de moderação que deve fundar-"e em duas realidades.

A primeira dessas realidades é esta: o princípio fundamental da liberdade dos povos, da autonomia dos povos foi grosseiramente violado pela invasão do Afeganistão pela União Soviética...

Aplausos da maioria parlamentar.

... tal como o fora pela invasão da Hungria e da Checoslováquia. É isto o mínimo que se exige que um socialista e um democrata diga.

Aplausos de alguns Deputados do PSD e do CDS.

E é preciso dizer-se que essas posições não são só possíveis de socialistas e de democratas. Há também comunistas. Por exemplo, os membros do Partido Comunista Italiano apresentaram no Parlamento de Estrasburgo uma moção pedindo essa condenação.

Todavia, é preciso dizer-se também que a União Soviética não tem o monopólio da violação dos direitos dos povos.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - É preciso dizer-se também que a História próxima regista a agressão americana ao Vietname. Ë necessário dizer-se que a História regista a agressão do Vietname do Norte ao Camboja. É necessário dizer-se que a História regista o massacre inominável do povo cambojano pela clique do Sr. PoliPot e dó Sr. Yeng-Sary. É necessário dizer-se que a História regista também o fim da democracia no Chile do Presidente Salvador Allende.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - É necessário dizer-se ainda que no meio deste cortejo de ódios e de violências nós podemos, em nome da política ou da geopolítica, fazer uma política de realismo num sentido ou noutro, mas a nossa simpatia vai só para as vítimas.

Aplausos do PS e da maioria parlamentar.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Carlos Brito (PCP)-Sr. Presidente, Srs. Deputados: O que aqui acaba de se passar só remotamente tem a ver com a política externa e com a situação internacional.

O Governo da AD tomou posse há treze dias, mas é já visível o seu anticomunismo. O delírio anticomunista a que acabamos de assistir, em que aos comunistas foram dirigidas as acusações mais graves que podem ser dirigidas a patriotas, as acusações mais caluniosas...

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Mas infelizmente verdadeiras!

O Orador: - ..., as acusações mais torpes para quem tem uma vida de luta pelo nosso povo...

O Sr. Fernando Costa (PSD): - Definam-se!

O Orador: - ..., as acusações que costumam usar-se quando a democracia está em perigo confirmam o facto.

E reflictam nisto, Srs. Deputados, porque a democracia .portuguesa está realmente em perigo.

Aplausos do PCP.

O ST. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Roseta.