O Orador: - Falharam as obstruções parlamentares e falharam também as actividades extraparlamentares da oposição, desde as perturbações na Zona de Intervenção da Reforma Agrária até à fraca adesão à maior parte das greves, politicamente inspiradas, e às manifestações de rua.
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.
Risos do PS e do PCP.
A oposição falhou, dentro e fora desta Casa. E ao tomar consciência dos seus insucessos, agarrou-se à última tábua de salvação que lhe restava: a comunicação social.
A comunicação social é a panaceia habitual para todos os que não conseguem curar-se dos seus próprios males.
O Sr. Ângelo Correia (PSD): - Muito bem!
O Orador: - Para citar apenas um exemplo recente, a engenheira Maria de Lurdes Pintasilgo, quando perdeu as eleições, o Governo e o Poder, imediatamente transferiu as culpas para os jornais, dizendo que «a derrota da sua proposta política foi inventada pelos órgãos de comunicação social, através de mentiras que propagandearam e continuam a construir» e acrescentando: «Entristece-me, sobretudo no que diz respeito ao povo português, que foi enganado assim pelos órgãos de comunicação social».
Vozes do PS: - Ela não está cá para se defender!
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.
A história repete-se, portanto, e a comunicação social continua, infelizmente, a ter as costas suficientemente largas para servir de bode expiatório aos políticos desafortunados.
Vozes do PSD: - Muito bem!
Vozes do PS e do PCP: - Muito bem!
O Orador: - ...pelo Sr. Major Sousa e Castro à necessidade de «tomar consciência de que os que tentam ora esconder a realidade ao povo, que controlam com despudor os jornais, a rádio, a televisão, que fabricam já uma resposta organizada e repressiva às reivindicações justas dos trabalhadores e dos democratas, foram os mesmos que sistematicamente adaptaram a sua linguagem e a sua acção às oscilações conjunturais».
Vozes do PS e do PCP: - Muito bem!
O Orador: - É com agrado que vejo os Srs. Deputados do PS a aplaudirem estas afirmações ...
Não cabe, evidentemente, no âmbito deste debate, a análise destas afirmações, das suas implicações e, sobretudo, da sua inserção num calendário cujos objecti-vos se vão tornando cada vez mais claros e em que a comunicaçãe social aparece agora também inserida.
Pareceu útil, no entanto, recordar as palavras dos dois citados membros do Conselho da Revolução, porque, na parte especificamente relacionada com a comunicação social, também eles se integram na finalidaide-expediente, de criar uma cortina de fumo que disfarce os erros e as raivas dos que estão contra o Governo e a maioria, e esconda a actuação positiva e meritória que estes têm tido.
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.
Protestos do PS.
O Orador: - Esta é a realidade política deste debate e tem de ser aqui dita com clareza: incapaz de apresentar alternativas substanciais, de se assumir como maioria, digo, minoria ...
Vozes do PCP: - Já não falta muito!...
O Orador: - ..., representativa e adulta, a oposição recorre à comunicação social como último pretexto que lhe permita tentar justificar perante os seus eleitores a sua ineficácia; e, ao fazê-lo, está eventualmente a colaborar numa campanha muito mais vasta que não se dirige apenas contra o Governo, pois procura pôr em causa o normal funcionamento das instituições ...
O Sr. Ângelo Correia (PSD): - Muito bem!
O Orador: -... e a possibilidade de os Portugueses virem a viver em democracia plena.
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.
De resto, só por acto de desespero e como último recurso se compreende que o PS, e a minoria onde se integra, tenha escolhido a comunicação social como matéria para esta interpelação.
Haverá, com efeito, outra área da actividade governamental e social em que o PS tenha tantos telhados de vidro?
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador: - Haverá sector em que o PS tenha sido mais justamente acusado de manipular, de colo-