à baixa de preços, a mesma foi então explicada com razão de não ter sido possível ouvir todos os implicados, ou seja tendo-se registado não o propósito de censura mas o propósito bem construtivo de não tornar o Diário Popular um jornal de «bocas» jornalísticas com desgaste para a sua própria imagem. Será isto censura?

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - E será também censura o caso - que consta também do dossier, e não tocado pelo Deputado António Reis talvez num processo de autocensura- quando na rubrica «Cara da gente» em 10 de Fevereiro, publicada com o título «Pelo povo é que isto deverá ser governado» foi retirado pela direcção o parágrafo em que se lia: «Que significado dá à recente homenagem dos católicos a Maria de Lurdes Pintasilgo? Pintasilgas ou Pintasilgos é tudo a mesma cegada. Enquanto não acabarem com os padres. Falta cá é o Marquês de Pombal. Pelo povo é que isto deverá ser governado». Será isto corte de censura?

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Mau serviço está o PS prestando à causa da democracia.

Não entendo decisivo para um qualquer juízo de valor da situação de «luta» que vem arrastando-se no Diário Popular que dos seus cinquenta e sete jornalistas em funções cerca de 80 % sejam afectos à UDP; o que entendo decisivo é que jornalistas, em funções num jornal estatizado e cujos custos são suportados pela comunidade, eventualmente se demitam da sua qualidade de jornalistas para assumirem a de porta-voz de uma determinada opção política, qualquer que ela se-ja; ...

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - ... que aproveitem o jornal para veicular «guerras» mais ou menos pessoais; que se esqueçam que a informação que trabalham deve ser isenta e objectiva, independentemente das forças políticas qua apoiam ou suportam, sejam elas caracterizadas como de esquerda, centro ou direita, ou por qualquer outro critério tão ambíguo como este.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Muito bem!

A Oradora: - As disposições constitucionais exigem aos órgãos de comunicação social estatizados uma informação objectiva, isenta e pluralista. A documentação tornada do domínio público no dossier Diário Popular revela à sociedade que é inconsistente e ardiloso falar-se em «censura» e que algumas eliminações sugeridas de pleno direito pela direcção traduziram-se num benefício, ao fim e ao cabo, para o próprio jornalista.

Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, intencionalmente escusamo-nos de aqui referir, ainda que de passagem, o assalto aos órgãos de informação feito pelo PCP durante a longa noite Gonçalvista.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Muito bem!

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Isso não lhe cai nada bem!

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Sr.ª Maria Alda Nogueira (PCP): - Olhe que não!

Vozes do PSD: - Muito bem!

português, é sem dúvida um Governo que lutará intransigentemente pela liberdade de expressão em Portugal, que lutará por uma informação livre e participada.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - Com todo o respeito por muitos socialistas coerentes não posso deixar de entender ter visado o Partido Socialista com a presente interpelação uma consciente contra-informação, um viciamento da opinião pública, uma atitude de mero e fácil oportunismo político para fins eleitoralistas.

Estou certa de que no final do debate o Partido Socialista constatará ter esta interpelação constituído uma autoflagelação, pois que não lhe reconhecemos - e assim acontecerá com uma maioria esmagadora do povo português - estatura moral para a atitude assumida.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-presidente Martins Canaverde.