O Sr. Ângelo Correia (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado António Reis referiu uma posição do PSD no Conselho de Informação para a Imprensa. 0 PSD fê-lo e fá-lo no Conselho de Informação porque é a sede própria para se tratar este problema; não o fez nem faz no silêncio e secretismo do gabinete do presidente do conselho de administração da empresa pública Diário de Notícias - isso faz um membro do Secretariado do Partido Socialista.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. António Reis (PS): - É falso!

O Orador: - Simplesmente, o critério que o Sr. Deputado António Reis nessa altura utilizou não o usou em 1976 quando a maior parte dos directores e administradores dos jornais, da imprensa, da comunicação social em geral, eram socialistas. Em relação a isso o Sr. Deputado António Reis silenciou e aprovou. Dois pesos, duas medidas para julgar uma acção de alguém que se integra na Aliança Democrática e dos outros que se integram na área do Partido Socialista.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: -Sr.ª Deputada Natália Correia, poderá informar-me para que efeito se inscreveu?

A Sr.ª Natália Correia (PSD): - Sr. Presidente, era para, relativamente à última intervenção do Sr. Deputado Carlos Brito, fazer um breve protesto.

O Sr. Presidente: - Nesse caso, tem a palavra, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Natália Correia (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado Carlos Brito agitou a sua bela cabeça branca exibindo reflexos alvos de uma inocência do PCP em matéria de censura ...

Quero dizer que não estou nada de acordo com o tom deste debate.

Aqui deviam-se defender as grandes linhas, a grande problemática da imprensa e não cair em chorrilhos de «este fez, este, aquele, etc. e tal». Não estou de acordo com isso, mas ... enfim!

Já agora, e para que não fique a pairar soberanamente neste ambiente a inocência do PCP, acrescento uma pequena experiência pessoal. É que em 1975, sendo eu colunista habitual de A Capital, só porque escrevi um artigo em que me permiti pôr reservas àquilo a que se chamava a então troika, o conselho de redacção nessa altura dominado por elementos do Partido Comunista proibiu-me o artigo, o que levou à demissão do director do jornal, Dr. David Mourão Ferreira. Mas eu não quero desfiar este rosário. Se o lembrei foi porque não quis constituir excepção e porque todos estão a evocar o anedotário das suas desgraças. Mas quero fazer um apelo a esta Câmara: a imprensa, a comunicação social é o quarto poder ou o contrapoder, como lhe quiserem chamar, porque o poder tem de ter um contrapoder a corrgi-lo.

E é isto, meus caros Srs. Deputados, que todos temos de discutir, mas discutir em termos criadores e nacionais porque não há cultura sem uma informação digna e essa informação digna não se resolve se a discutirmos aqui nesta Assembleia do povo nestes termos.

Aplausos do PSD, do CDS, do PPM e dos Deputados reformadores.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para um contraprotesto, o Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: À medida que a Sr.ª Deputada Natália Correia ia fazendo o seu protesto eu fui notando que os seus cabelos loiros se mantinham seguros, o que revela que usa uma boa laca ...

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - É de boa marca!

O Sr. António Lacerda (PSD): - Muito fraco!

Vozes do CDS: - Ah! ...

O Orador: - ..., no não cumprimento da Constituição, no não cumprimento da lei.

É.isso que está em discussão, é isso que temos de averiguar, é isso que a oposição está a provar e é isso que o Governo não consegue refutar.

Aplausos do PCP.

Risos do PSD e do CDS.