mas não é o caso. Rejeito, portanto, o conteúdo que se quer extrair desta carta.

Aplausos do PSD e do CDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Lemos.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Acabámos de assistir a uma intervenção do Governo em que mais uma vez não foram rebatidas as acusações concretas que trouxemos, quer nós quer pelos outros partidos da oposição, sobre casos de censura, de manipulação, de saneamentos que se praticam hoje em dia nos órgãos de comunicação social do Estado. E a isso o Governo não respondeu e trouxe um outro dado para aqui, trouxe o caso do Mundo Desportivo.

Ora é bom que se fale no caso do Mundo Desportivo, pois é o caso de uma chantagem em que o Governo e os homens de mão que mete na comissão administrativa dizem que esse jornal poderá continuar a sair caso os trabalhadores abdiquem das formas de luta que têm decidido. Quer dizer, se os trabalhadores abdicarem das suas formas de luta o jornal sai, se não faz-se a chantagem, põem-se em causa os seus postos de trabalho, ficando esses trabalhadores sem a direito a trabalhar no Mundo Desportivo e este deixa de continuar como órgão de informação lido por tantos portugueses.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Ângelo Correia (PSD): - O Sr. Deputado Jorge Lemos ainda vai aos Jogos Olímpicos, mas aos infantis!

Risos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Mota.

referir que no dia em que morre Agostinho Neto, ele realiza e é transmitido às 13 horas no canal 1 da RDP uma entrevista com um inimigo do povo angolano, o aventureiro Chipenda.

Realiza uma reunião com a redacção, afirmando que a partir daquela altura o espaço dedicado às lutas dos trabalhadores tinha de ser reduzido e não era importante dizer o porquê dos trabalhadores estarem em luta.

Altera-se a equipa do programa Madrugada. Até mesmo este programa, com uma audiência baixa dado a hora de transmissão, aflige os homens da AD colocados no conselho de administração - gostava que desmentissem este facto!

Transferem-se delegados sindicais sem serem ouvidos e contra a sua vontade da Tenente Valadim para Soares dos Reis, mesmo membros da sua comissão de trabalhadores, não respeitando o artigo 46º do Estatuto da Comissão de Trabalhadores da RDP, E. P., artigo 16.º da Lei n.º 46/79, a Lei das Comissões de Trabalhadores que prevê a prévia audição, dos trabalhadores, em caso de mudança do local de trabalho.

Admitem-se cinco colaboradores a tempo incompleto para a redacção da RDP Norte, ao mesmo tempo colocam-se trabalhadores na prateleira, isto numa altura em que o Governo hipocritamente considera a empresa em situação económica difícil - também gostava que me desmentissem isto.

Levantam-se processos aos trabalhadores por usarem o direito à greve, consagrado na Constituição, e na lei. É mais uma prova que já não basta a censura e a manipulação como ainda se processam trabalhadores por usarem os seus direitos.

Tenta-se silenciar a realização no Porto de uma importante conferência do PCP sobre a CEE, fazendo apenas uma curta referência na Rádio Comercial. 15to apesar de terem sido feitas entrevistas e reportagens no decorrer dos trabalhos da conferência.

Ainda hoje o noticiário das 7 horas da manhã, na RDP, quando se referia à interpelação social do PS ao Governo sobre os meios da comunicação social referia a notícia nestes termos: "Continua na Assembleia da República a interpelação ao Governo sobre a comunicação social pelos partidos da oposição - no entanto os partidos da AD afirmam que os partidos da oposição não têm moral para neste campo interpelar o Governo."

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Muito bem!

O Orador: - É o cúmulo do despudor: apenas se dá a opinião do Governo! A isto chama-se manipulação e desinformação.

Aplausos do PCP e de alguns Deputados do PS.

Na RTP Norte substitui-se o delegado do conselho de administração no centro de produção e manda-se para o seu lugar um homem ligado à segurança da RTP.

É indigitado para a chefia do Telejornal um homem cuja capacidade demonstra com o receio que manifesta em tomar posse para não desencadear ondas de protesto.

Não se dá possibilidades de se realizarem programas no Norte, tira-se qualquer possibilidade de programação dos problemas da Região Norte a não ser com a prévia autorização dos senhores instalados em Lisboa.