que inclusivamente tinha sido previamente convidado a indicar um nome para director, o que só não fez por não encontrar talvez ninguém disponível para o lugar, mal foi demitido o Dr. Jacinto Baptista passou a fazer disso um coro de reivindicação para ataque ao IV Governo Constitucional.

Aplausos do PSD, do CDS, do PPM e dos Deputados reformadores.

Desculpem, mas considero essa actuação perfeitamente imoral.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Uma voz do PSD: - É uma vergonha!

O Orador: - Aliás eu queria recordar aqui autênticos actos de saneamento de directores que vão esquecendo e que seria útil recordar, porque eles são de tal maneira revoltantes que, se voltarem a ser actualizados, darão talvez a muitos Deputados do Partido Socialista, inclusive, a consciência da gravidade das questões que aqui vieram trazer.

Quero recordar o saneamento do director do Diário de Noticias Dr. Ribeiro dos Santos, uma pessoa cheia de dignidade, indicado para desempenhar as funções que desempenhava, que foi saneado por ter escrito uma local protestando contra a pena de morte que era reclamada nessa altura contra os revolucionários do 11 de Março.

Vozes do PSD e do Deputado Reformador Godinho de Matos: - Muito bem!

fazendo através das comissões de vigilância. À pessoa que levantou esse problema na Sociedade Portuguesa de Escritores, que não fui eu, foi uma escritora com uma dignidade nacional reconhecida, foi respondido por um membro do Partido Comunista que a actuação de certas pessoas antes da Revolução tinha sido muito estimável, mas que daí para diante teriam de ser esquecidas e possivelmente silenciadas para sempre. A esta clara ameaça de morte houve até e tenho que reconhecer isso com justiça, escritores do Partido Comunista que responderam e que procuraram limpar a face de um insulto tão grave. Mas isso ficou feito

e isso é uma amostra daquilo que nós vivemos como censura e como supressão da liberdade de pensamento. É por isso que eu ontem disse, e aqui repito, que não reconheço autoridade a certas pessoas para falarem em liberdade de pensamento.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Deviam ter vergonha do que fizeram e ainda não fizeram confissão pública dos seus pecados.

Aplausos do PSD, do CDS do, PPM e dos Deputados reformadores.

Quanto ao Partido Socialista, queria acabar com um pedido apenas, que é o de que reconsidere nas suas posições, que não seja carne de canhão para ataques que o ultrapassam, que não se secundarize, que se integre novamente na vida da democracia nacional digna e que discuta, em plano de igualdade connosco, como deve ser feito o contrôle da informação, como deve ser feita a dignificação da comunicação social. É nesse ambiente de diálogo, de compreensão e de reparação dos actos que estejam mal feitos - como eu próprio tenho feito e dei esse exemplo aqui mesmo nesta Assembleia, e estou pronto para o fazer novamente em qualquer circunstância -, é nesse ambiente de diálogo e de entendimento democrático que o problema da comunicação Social tem de ser visto.

Aplausos do PSD, do CDS, do PPM e dos Deputados reformadores.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra. o Sr. Deputado Manuel Alegre.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, pedi a palavra para fazer um breve protesto.

Muito serenamente, quero esclarecer que o Partido Socialista nunca esteve empenhado no afastamento do Dr. Jacinto Baptista do cargo de director do Diário Popular. Quero aqui invocar o meu testemunho pessoal. Houve de facto uma pessoa, que já não é membro do Partido Socialista e era na altura administrador do Diário Popular - refiro-me ao Engenheiro Humberto Lopes -, que tentou afastar o Dr. Jacinto Baptista. Teve a minha oposição frontal como Secretário de Estado da Comunicação Social e a oposição frontal do meu partido. 15to não porque o Dr. Jacinto Baptista alguma vez tivesse estado ligado ao Partido socialista, não porque tivesse apoiado os Governos do Partido Socialista - não o fez, muito pelo contrário, muitas vezes criticou a nossa política -, mas porque o Dr. Jacinto Baptista era e é um jornalista sério, competente, um democrata e um antifascista que merece o nosso respeito e a nossa admiração.

Aplausos do PS.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

Já não tem tempo, como sabe.