çou o percurso sinuoso do seu discurso político, o dono do Expresso teria voltado aos bons tempos do Diário Popular.

Apesar de ministro, meu caro Pinto Balsemão, você deve uma resposta ao Baptista Bastos.

Faço-lhe a justiça de acreditar que não ficou insensível quando o brilhante jornalista fala do seu desgosto por não poder escrever no próprio jornal onde trabalha uma peça jornalística de antologia que há-de passar à história da luta dos jornalistas portugueses,

Vozes do PS e do PCP: - Muito bem!

O Orador: Se para manter a rentabilidade de 0 Expresso o Ministro Adjunto Pinto Balsemão estimula aqui e além umas salpicadelas de independência traduzidas em amáveis ataques ao seu Governo e à sua AD, deve também ter a coragem de retocar a sua imagem, evitando, se ainda for tempo, que toda uma passada auréola de democraticidade se desfaça na lava de conservadorismo reaccionário em que está a deixar envolver-se.

Vozes do PS e do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Nós calculamos que daqui até às eleições a manha vai substituir o descabelado descaramento para tentar iludir-nos. Mas o povo está atento, a oposição não desarmará e a maior parte dos jornalistas portugueses, seja qual for a sua opção política, já não abdicará do seu direito e do seu dever de lutar pela defesa intransigente de uma informação honesta, verdadeiramente ao serviço de uma sociedade mais justa.

Os eleitores desiludidos não consentirão que a AD volte a ter maioria na Assembleia da República para então, se assim acontecesse, depressa e em força executarem o projecto de enterrarem a Constituição e despedaçarem por muitos anos todas as conquistas de Abril.

Vozes do PS e do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Para o evitar, o PS vai lutar denodadamente.

Vozes do PSD: - Vai, vai!!

O Orador: - É este, Sr. Presidente, Srs. Deputados e Srs. Membros do Governo, o grande mérito do Partido Socialista ao fazer-se eco nesta interpelação das acções de luta dos jornalistas portugueses a quem rende a mais encorajante homenagem.

Com a renovada capacidade dos trabalhadores da comunicação social, a reacção não terá hipóteses de voltar a impor-nos a sua "ordem", os seus métodos, a sua censura.

Aplausos do PS, do PCP e do MDP/CDE.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. José Cardoso (PSD): - Muito actor, mas pouco político!

O Sr. Presidente: Srs. Deputados, dado que não há mais inscrições, a Mesa terá de usar o que está regulamentado e vai dar agora a palavra ao Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Sr. Presidente, nós ainda temos outro orador para falar antes das declarações finais.

O Sr. Presidente: - Com certeza, Sr. Deputado. Dar-lhe-ei depois a palavra.

Tem agora a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé, que dispõe de dois minutos e trinta segundos.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Aproveito estes dois minutos e trinta segundos para dizer...

Vozes do PSD e do CDS: - Asneiras!

O Orador: aliás para mostrar claramente por que razão um Governo como o da AD - e em qualquer país daqueles que a AD aponta como modelo da democracia da Europa o Governo já teria há alguns meses pedido a demissão - dado o seu carácter antipopular e dado o repúdio que tem merecido de todos os trabalhadores democratas, e antifascistas, ainda persiste em se manter no poder e não assumir a última dignidade de pedir a demissão...

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Querias!

impor ao nosso povo.

São estas as duas razões efectivas por que o Governo ainda se arrasta, por que tenta a todo o custo segurar as rédeas do poder.

O Sr. António Lacerda (PSD): - 0 Otelo não deixará!

O Orador: Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, nem o povo português, nem os democratas, nem os antifascistas, nem as organizações políticas e os partidos políticos democráticos consentirão nisso, assim como também não o consentirão os trabalhadores portugueses, e nomeadamente, neste casso muito concreto, os profissionais da comunicação social.