tas nem inocentes. Ou não estaria o seu Governo

interessado em explorar a filiação desse jornalista

como alibi justificativo de um pretenso, pluralismo?

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Botelho da Silva optou, e optou pelo lado da barricada onde já se encontrava: o da censura contra o da liberdade.

Vozes do PS: - Muito bem!

Vozes do PSD: - Não apoiado!

Aplausos do PS e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro.

Informo V. Ex.ª de que dispõe de vinte e seis minutos.

O Sr. Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro: Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não era minha intenção intervir nesta fase final da interpelação, até porque compete ao Sr. Vice-Primeiro-Ministro e Primeiro-Ministro em exercício encerrar o debate em nome do Governo.

No entanto, ouvi com atenção as referências que o Sr. Deputado Igrejas Caeiro ...

Neste momento acenderam-se os holofotes da Sala.

Risos do PS, do PCP e do MDP/CDE.

Não se riam, Srs. Deputados. Posso dizer-lhes que

ontem, após a minha intervenção, fui ouvido para a

RTP. Simplesmente, como o PS se recusou a falar,

a RTP não transmitiu essa entrevista. Portanto podem

estar descansados, não se preocupem.

Vozes do CDS - Aprendam!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Vamos ver!

O Orador: - Estava eu a dizer que ouvi com atenção as referências que os Srs. Deputados Igrejas Caeiro e Helena Cidade Moura fizeram à minha pessoa e ao semanário Expresso.

Se bem percebi, fui acusado, em termos muito amáveis, pelo Sr. Deputado Igrejas Caeiro de ter uma influência algo perniciosa ou sinuosa no jornal em causa, porque "para manter a rentabilidade do Expresso o Ministro Adjunto Pinto Balsemão estimula aqui e além umas salpicadelas de independência, traduzidas em amáveis ataques ao seu Governo e à sua, AD ".

A Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura pretendeu prestar-me uma homenagem afirmando que eu, como experimentado jornalista que sou, tenho sabido poupar o meu próprio jornal ao desgaste de uma política sem interesse, com objectivos alarmistas e afundada em mediocridade.

Vindas de tão ilustres Deputados da oposição, estas referências neutralizar-se-iam por serem tão divergentes e permitir-me-iam nada acrescentar ou nada dizer, pois elas apenas ressalvam a minha independência.

Julgo útil - até pelas expressões algo duras, que considero injustas, vindas de quem vêm, do Sr. Deputado António Reis - acrescentar que nem a insinuação amável, nem o elogio, também amável, correspondem à verdade.

A verdade é apenas uma e é simples de enunciar: desde que estou no Governo afastei-me voluntariamente de qualquer função no Expresso, bem como me afastei de qualquer interferência na orientação do jornal.

Sr. Deputado António Reis, a minha bitola é só uma e sempre assim será. O Sr. Deputado sabe que assim é há muito tempo. Como membro do Governo, e portanto, como poder político, e como poder económico - no caso concreto do Expresso -, a minha bitola é a mesma que sempre tive como jornalista, ou seja, não aceitar actuar sobre a independência dos órgãos de comunicação social. 0 testemunho dos jornalistas e dos trabalhadores do Expresso poderá ser invocado, se necessário.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Reis.

O Sr. António Reis (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: Acabo de registar as palavras do Sr. Ministro Pinto Balsemão. Parece-me que as consequências delas só podem ser as seguintes: o Sr. Ministro, na sequência do que acaba de dizer, tem de vir solidarizar-se com os jornalistas que têm sido objecto de actos de censura. O Sr. Ministro tem de tomar uma posição clara perante os factos que aqui foram comprovados pelo PS ...

Vozes do CDS: - Comprovados?

O Orador: -... na sua interpelação. Se o Sr. Ministro não se demarca do seu Governo em relação a estes factos que aqui comprovámos ...

Vozes do PSD e do CDS: - Não provaram nada!

O Orador: - pois que ao calar-se está a consentir e ao consentir solidariza-se com esta prática que o seu Governo vem assumindo neste domínio, opta por uma nova bitola. Era isso o que eu não gos-