de várias décadas, antes e depois da morte de Calouste Gulbenkian, no sentido de dotar Portugal com instituições e instalações de que Portugal não era especialmente dotado. Não discutimos, portanto, essa enorme valia do centro de arte contemporânea, no qual estarão representadas significativas obras de arte portuguesa do século XX. Pelo contrário, cabe-nos enaltecer essa iniciativa.

Pensamos, porém, que, tratando-se de dois valores culturais de grande interesse - a preservação do jardim no seu todo, como elemento importante não só urbanístico como, de obra de arte, e a instalação do centro em local onde seja viável a sua articulação com as outras instalações da Fundação Gulbenkian - é possível a conciliação de ambos. Nesse sentido tomámos a iniciativa de apresentar uma proposta de resolução que aponta na direcção dessa conciliação, da qual a cultura portuguesa, o património cultural português, a cidade de Lisboa e, de uma maneira geral, o desenvolvimento do nosso p ais poderá beneficiar.

Eis fundamentalmente as razões por que apresentamos esta proposta de resolução. Entregamos ao Governo na qualidade de órgão executivo por excelência, a resolução do assunto na base da conciliação desses interesses, desejando que seja obtida uma solução da qual não saiam diminuídos nem o País nem a cidade de Lisboa, e que, pelo contrário, venhamos a congratular-nos pelo facto de ter sido possível salvaguardar a valia destes dois altos interesses.

Aplausos do PPM e do PSD.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Adão e Silva.

O Sr. Adão e Silva (DR): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: 0 Agrupamento dos Deputados Reformadores sente-se muito feliz pelo facto do PPM, numa inteligência esclarecida e táctica, evolucionar no sentido do equilíbrio. Afinal serão as negociações, fiéis àquele princípio in medio virtus consistit virtus, que vão conduzir à defesa do património e ao respeito devido ao prestígio e à acção indiscutível da Fundação Gulbenkian. Por isso nos felicitamos.

Aplausos do PSD e do PPM.

O Sr. Presidente - Tem a palavra, a Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura.

A Sr.ª Helena Cidade Moura (MDP/CDE)- Sr. Presidente, Srs. Deputados: 0 MDP/CDE considera prioritária, num país que atravessou mais de quarenta anos de fascismo e de obscurantismo, a construção de espaços culturais que possibilitem a dinamização de uma cultura participada e criativa. Consideramos que a soma de linguagens de vários museus isolados não é igual à força do discurso de museus que se contrapõem, se completam e mutuamente se dinamizam num mesmo espaço. 0 MDP/CDE entende, consequentemente, a vantagem de um espaço cultural no parque da Gulbenkian e pensa, também, que esse espaço depende muito da conservação do arvoredo, hoje pertencente à Fundação Vilalva.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Reis.

O Sr. António Reis (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A resolução que o PPM acaba de propor a esta Assembleia representa, obviamente, um nítido recuo em relação à anterior iniciativa de apresentação de um projecto de lei sobre esta matéria. 15to significa que se está perante uma iniciativa que, à partida, foi reconhecida como contendo uma inevitável carga polémica no seio dos próprios partidos da maioria parlamentar desta Câmara.

O Sr. Luís Coimbra, (PPM): - É da oposição!

r ao ler os considerandos, a remeter a questão para o Governo para que este tente chegar à necessária conciliação dos interesses. É isto que se afigura ao meu grupo parlamentar como absolutamente inaceitável.

Vozes do PS. - Muito bem!

além disso - segunda ordem de motivos -, parece-nos perfeitamente descabido que esta Assembleia venha neste momento, através de uma resolução, tomar uma posição, interferir inevitavelmente numa decisão de um órgão autárquico.

Vozes do PS: - Muito bem!