País está dependente da barragem do Alqueva: o
abastecimento de várias albufeiras para fornecimento
de água a numerosas povoações, à agricultura e à
indústria; a intensificação dos sistemas de cultivo,
com a transformação do sistema cultural latifundista,
o desenvolvimento industrial, com a transformação
consequente do carácter acentuadamente rural dessa
região; a criação de numerosos postos de trabalho,
com a consequente erradicação do cicio de pobreza
que os latifundiários e o fascismo ali instalaram.
Vozes do PCP:- Muito bem!
O Orador: - Eis que contra a construção dessa obra se levantam as forças políticas defensoras dos interesses de umas centenas de ricas famílias, enquanto as forças representativas das centenas de milhares de famílias que sofrem as consequências desse domínio estreito e egoísta se levantam exigindo a construção da obra.
As forças conservadoras brandem argumentos pseudoecológicos de terrível impacte ambiental que terá a criação de uma tão grande massa de água, e umas frágeis razões economicistas. Mas não cuidam de se preocupar com o impacte ambiental que já tem tido a não criação dessa massa de água: porque as famílias que exploraram até à miséria o povo alentejano têm rendimentos que bastam, têm água em casa, não precisam de postos de trabalho para si nem os desejam para os outros; porque querem contrariar a erradicação do latifúndio; porque não querem ver o "doce" Alentejo alterado pela existência de indústria, de proletariado industrial, de opções de vida.
Vozes do PCP: - Muito bem!
O Orador: - Eis, pois, como o falso "ambiente" serve de capa a uma política reaccionária de impedimento da construção da obra do Alqueva, quando o verdadeiro "ambiente" a reclama e exige!
O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Não diga asneiras!
O Orador: - Então cale-se!
Pois não é verdade que a Reforma Agrária teve já e terá cada vez mais um grande impacte ambiental?
Não transformou ela a qualidade de vida dos trabalhadores alentejanos e ribatejanos, a própria essência do sistema extensivo de cultivo ...
O Sr. Luís Coimbra (PPM): - Ena pá!
O Orador: -... nomeadamente com a introdução de novas culturas, construção de novos regadios, intensificação da produção pecuária? Seria então que esta realidade, se tivesse sido considerada ao nível de projecto pelas forças hoje no Governo, teria ido avante quando sujeita ao teste do impacte ambiental?!
O Sr. Luís Coimbra (PPM): - Não tinha, não!
O Orador: - Com o ambiente (segundo o conceito progressista que dele temos) têm a ver também a Lei do Arrendamento Rural, a Lei das Finanças Locais, a Lei de Delimitação de Competências entre o Poder Local, Regional e Central, a Lei da Delimitação dos Sectores, a Lei da Alfabetização, a Lei de Bases do Ensino, o Serviço Nacional de Saúde, a política de aceso ao ensino, a política de transportes, etc. Porque - Perguntarão alguns. E nós respondemos: porque de tudo isso depende fundamentalmente a maneira como o homem português está no seu país, está no seu ambiente português.
Aplausos do PCP e do MDP/CDE.
E é assim, no concreto, que se vê que não faz sentido que as forças conservadoras falem na sua propaganda eleitoral de uma política de desenvolvimento das regiões do interior e de equilíbrio inter-regional, se na prática impelem o encerramento da linha do Tua, impedem o Alqueva, em obediência a interesses inconfessáveis limitam o plano siderúrgico e não aproveitam o minério de Moncorvo, congelam o plano de aproveitamento integrado das pirites alentejanas, desprezam a utilização dos carvões nacionais, nomeadamente os de Rio Maior ...
O Sr. Ângelo Correia (PSD): - É falso!
O Orador:- ...; não se interessam pelos sienitos e pelo gás natural algarvios; contrariam o Serviço Nacional de Saúde!
O Sr. Ângelo Correia (PSD): - É falso!
O Sr. Sousa Marques (PCP): - É verdadeiríssimo!
O Orador: - Vão pô-lo em prática?!
Que sentido faz que as forças conservadoras falem de regionalização e de descentralização (na sua propaganda eleitoral), se na prática reduzem ilegalmente a capacidade de intervenção dos órgãos autárquicos e promovem uma acentuada inversão do processo, carreando para o Governo e para certos departamentos o poder que não têm, revestindo os projectos de lei de um cariz burocrático-centralizador?!
O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Ao menos de vez em quando diga uma verdade!!