sição, mais concretamente o meu partido, estava aqui a fazer um número de ilusionismo. No entanto quem fala em espectáculo é o Governo, de tal forma que até já salientou «que o povo português tem um Ministro dos Assuntos Sociais espectacular». Mas o que é um espectáculo é a vossa demagogia, o que é um espectáculo é a vossa incompetência, o que é um espectáculo são as medidas que vocês têm tomado. O povo português sente-as na carne.

Aplausos do PCP.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Espectáculo é a sua ignorância!

O Orador: - Por outro lado, o facto de o Sr. Deputado ter salientado que a situação futura do Serviço Nacional de Saúde era caracterizada pela burocracia pela desumanização revela um desconhecimento em relação àquilo que existe neste momento.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Que vocês deixaram!

O Orador: - Quais são os serviços de saúde, que durante quarenta e oito anos já mostraram o que valiam, que existem neste país?

Sr. Deputado, a razão de ser profunda do mal que grassa no nosso povo, da doença do nosso país, não são os anos que se seguiram ao 25 de Abril. A razão de ser profunda desse mal são os esquemas de medicina que os senhores levaram a cabo durante quarenta e oito anos, a razão de ser profunda desse mal baseia-se no apoio que o senhor e outros como o senhor - os «barões da medicina» dão a este Governo. É aí que reside a razão de ser dos males da nossa situação no tocante a serviços de saúde.

Risos do PSD.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Não aprendeu nada com o Lenine!

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Que espectáculo!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Malato Correia.

O Sr. António Arnaut (PS): - Não diga isso!

O Orador. - Em relação aos «barões da medicina», Sr. Deputado, o senhor é um policlínico, eu sou chefe de clínica, limito-me a estar aqui e a ter o vencimento que o Sr. Deputado como policlínico tem, por isso não fale em «barões da medicina» comigo. Aqui ganhamos o mesmo.

O Sr. Vítor Vasques (PS): - Aqui sim, lá fora não!

O Orador. - O que me diria o Sr. Deputado se viessem aqui a esta Câmara o Champallimaud, os Quinas e os Meios que o senhor tanto apregoa - defender a colectivização dos meios de produção? O que é que diria? Achava certamente uma fantochada.

Fique sabendo que aqueles a quem os senhores chamam «barões da medicina» encontram-se em grande quantidade no Partido Comunista a defender a estatização da medicina.

Aplausos do PSD. do CDS e do PPM.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Diga o nome de um!

O Orador: - Sr.ª Deputada, a si não digo aqui um nome, por uma questão de deontologia e de ética profissional, mas a Sr.ª Deputada até os conhece porque até já pediu para ser operada por um.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Isso é uma calúnia!

O Orador: - Mas não vale a pena entrar nessa discussão. No entanto quero dizer-lhe que o Serviço Nacional de Saúde estatizado, conforme foi consagrado por lei, só servia os «barões da medicina», e sabe porquê? Porque nessa altura os serviços seriam tão maus que eram esses senhores, porque a lei consagra determinadas saídas à medicina privada, que iam ganhar o dobro do que hoje ganham.

Aplausos do PSD do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Arnaut.

O Sr. António Arnaut (PS): - Sr. Presidente, era só para dar um muito breve esclarecimento à Câmara, visto que o meu partido já não dispõe de muito tempo para intervir.

Quero dizer aqui mais uma vez que a Lei do Serviço Nacional de Saúde aprovada pela Assembleia da República não perfilha uma concepção estatizada dos serviços de saúde. Como disse e tenho repetido, perfilha um modelo misto, porque ao lado dos serviços públicos subsistirão, em actividade complementar ou suplementar, os serviços privados. Nós os socialistas não somos pela estatização da vida, nós somos pela socialização e o socialismo para nós é o humanismo.

Aplausos do PS.

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Essa é nova!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Malato Correia.