caso, para governador e noutro para Alto-Comissário de S. Tomé, Macau e Timor.
Isso não corresponde à verdade. Tenho apenas a vaga informação de que ele teria sido sondado para ser Alto-Comissário de S. Tomé, mas não por mim nem com a minha aquiescência. E devo dizer-lhe que nunca podia sê-lo de maneira nenhuma porque, embora eu reconheça que o Sr. General Soares Carneiro tem algumas qualidades estimáveis, não tem, com certeza, a qualidade para mim estimável acima de todas - de ser um apoiante do 25 de Abril.
Vozes do PS e do PCP:- Muito bem!
O Orador: - E digo isto como testemunha qualificada porque quando, como Ministro da Coordenação Interterritorial, e não é a primeira vez que o digo, pois já escrevi isto - me dirigi a Angola, era o Sr. General Soares Carneiro encarregado do Governo de Angola por ter sido anteriormente secretário-geral do mesmo Governo, e teve a hombridade, que muito me cativou pela sinceridade e frontalidade, de, antes de mais nada, me dizer o seguinte: «Sr. Ministro, queria dizer-lhe que não estou com o 25 de Abril e que a partir daqui pode contar com a minha lealdade.»
Portanto, tive a lealdade do Sr. General Soares Carneiro, tive a impecabilidade da sua conduta, mas não tive nem tenho hoje a menor dúvida de que ele não é um adepto do regime posterior ao 25 de Abril.
Vozes do PS e do PCP: - Muito bem!
Aplausos do PS, do PCP e do MDP/CDE.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Amândio de Azevedo.
O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Efectivamente, não tenho conhecimento pessoal e directo dos convites a que me referi, e admito que não sejam convites formais mas sim sondagens. Contudo, isso não modifica a realidade das coisas.
As minhas afirmações foram proferidas com base em informações que reputo segurará e que foram muito directas e muito recentemente confirmadas de informações antiga, que já possuía. Até posso ir mais longe dizendo que, também por aquilo' que sei, se estivesse aqui nesta Assembleia o Sr. General Soares
Carneiro, ele teria dito que as afirmações que o Sr. Deputado Almeida Santos lhe atribui na conversa que teve em Angola não eram verdadeiras.
Vozes do CDS: - Muito bem!
O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Olhe que não!
O Orador: - Note-se bem que eu não estou a dizer que o Sr. Deputado Almeida Santos está a fazer uma afirmação que consequentemente sabe não ser verdadeira. O que eu estou a dizer é que sei que o Sr. General Soares Carneiro, afirma que não proferiu estas declarações.
Além disso, gostaria de acrescentar que há, talvez, uma maneira de salvar a honra de todas as pessoas porque houve pessoas que estiveram com o 25 de Abril e que não estiveram com o 25 de Abril, porque o 25 de Abril foi uma coisa no dia 25 de Abril e foi uma coisa muito diferente uns poucos dias depois.
Vozes do PSD e do CDS: - Muito bem!
Aplausos do PSD e do CDS.
O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, não lhe posso conceder a palavra.
O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, considero-me pessoalmente ofendido e tenho de me desagravar. O Sr. Presidente tem de me dar oportunidade de o fazer, pois, caso contrário, tenho de recorrer de qualquer maneira para o Plenário porque fui aqui chamado de mentiroso.
Vozes do PS: - Muito bem!
O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Não é verdade, não chamei mentiroso a ninguém!
Protestos do PS.
O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Estão sempre a chamar reaccionários aos outros...