tica usurpação que o Governo tem feito dos meios de comunicação social e tantos outros actos de natureza idêntica, mostram que a coligação AD, longe de estar imune à tentação totalitária expressa desde logo no predomínio ideológico que na maioria assumiram os seus elementos amais reaccionários e fascizantes.

Vozes do PCP: - Muito bem! Muito bem!

O Sr. Lacerda de Queirós (PSD): - Muito mal! Muito mal!

O Orador: - O que é hoje evidente é que este Governo joga tudo para se furtar ao contrôle das instituições democráticas: o que é hoje evidente é que este Governo, como se diz na moção de censura apresentada pelo PCP, não dá garantias de isenção de imparcialidade indispensáveis para conduzir a política geral do País e dirigir a Administração Pública durante o processo eleitoral.

Refira-se, a este propósito e de passagem, o escancaramento vergonhoso e escandalosamente discriminatório com que a RTP, anteontem, abriu as suas câmaras ao candidato da coligação governamental à Presidência da República.

A Sr.ª Ercília Talhadas (PCP): - Que vergonha! Que vergonha!

O Orador: - O que é hoje evidente é que este Governo reprime lá fora os que trabalham e são explorados e é, aqui, a rolha dos que na Assembleia são a voz dos que trabalham.

Aplausos do PCP.

O que é hoje claro e preocupante, e que nós não deixaremos de denunciar, por maior que seja a rolha da AD, é que a coligação governamental toma a Assembleia da República como a Assembleia da AD, tal como a União Nacional entendia a Assembleia fascista como a Assembleia da União Nacional.

O Sr. Lacerda de Queirós (PSD): - Muito mal! Muito mal!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: No Portugal de Abril há liberdade, sem concessão de ninguém, mas como conquista do povo português, de ser da AD ou do PS ou do PCP ou de qualquer outro partido, o que não cabe no Portugal de Abril é a «liberdade» de o Governo da AD, ou qualquer outro, ludibriar o povo português; o que não cabe no Portugal de Abril é a Liberdade de o Governo matar o Abril de Portugal.

O Sr. Vital Moreira (PCP):- Muito bem!

O Orador: - Mas cabe no Portugal de Abril a liberdade de rejeição popular de um candidato que, com uma naturalidade altamente elucidativa, explicou a sua «liberdade», e a do regime de que foi serventuário, de enviar para o campo de repressão fascista de S. Nicolau combatentes anticolonialistas, homens que lutavam pela libertação e pela liberdade do povo a que pertenciam.

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Para um protesto, cem a palavra o Sr. Deputado Pedro Roseta.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Vai falar dos direitos humanos do Soares Carneiro!

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Num curtíssimo protesto, em nome, do Grupo Parlamentar do PSD, desejo repudiar os insultos com que, como é costume - talvez com um pouco menos de gritaria, pelo menos por enquanto, do que ontem o Sr. Deputado Vital Moreira. Mas os seus insultos...

Protestos do PCP.

Não gritem muito, que já me fizeram mal a um ouvido...

Queria de facto repudiar, se a habitual gritaria do PC o permitir, os insultos com que este partido sistematicamente, por uma forma ou outra, tenta mimosear as bancadas da maioria. É realmente espantoso ouvir o Partido Comunista Português falar em vocações e propensões totalitárias. Isto faz-nos verdadeiramente rir. Ouvir um partido que tem a ideologia que o PCP tem, que fez em Portugal em 75 o que o PCP fez, que apoia os países que o PCP apoia, ouvir um tal partido falar em vocações totalitárias é de rir à gargalhada! Deixem-me rir um pouco, porque efectivamente o PCP só nos pode fazer rir! Por muito que grite ...

O Sr. Teodoro da Silva (PSD): - Muito bem! Muito bem!

Protestos do PCP.

Aplausos do PSD e protestos do PCP.

Finalmente, tudo disto representa o desespero da classe burocrática ...

Risos do PCP.

... cujos interesses estão a ser postos em causa pelo Governo e pela maioria. A classe burocrática, que os senhores aqui representam, está a ver que está a esgotar-se o sugadoiro que tem feito do povo português. Isso é que os senhores não podem tolerar! E não julguem que o povo português tolerará que a repetição que estão a ensaiar dos processos de