Praga - manifestações e pressões de rua conduza ao golpe de Lisboa, porque não são alguns milhares de pessoas que os senhores põem a gritar que representam os sete milhões de eleitores. Esses sete milhões de eleitores expressar-se-ão em Outubro, como se expressaram em Dezembro, e expressar-se-ão pela liberdade, pela Europa e, portanto, pela Aliança Democrática!

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM e protestos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para um contraprotesto, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Leite, por três minutos.

O Sr. Jorge Leite (PCP): - Eu farei um contraprotesto breve, até porque o Sr. Deputado Pedro Roseta os tímpanos muito fracos. Talvez deva mesmo ir tratar-se ...

Risos do PCP.

... dos tímpanos.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Além dos complexos de Praga!

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Não ouço, felizmente!

O Orador: Pois é! Continua com os ouvidos fracos!

O protesto, como eu ia dizendo, foi de facto, uma chapa habitual do Sr. Deputado Pedro Roseta, pelo que o contraprotesto terá como finalidade apenas o seguinte: O Sr. Deputado disse que em Outubro, tal como em Dezembro, o povo português votará na liberdade. Bom! Devo dizer-lhe, Sr. Deputado, que em Dezembro passado houve mais 3OOOOO eleitores que deram os seus votos aos partidos da liberdade e da democracia relativamente aos votos concedidos aos partidos em que o Senhor se integra.

Vozes do PCP: - Muito bem! Muito bem!

O Orador: - E em Outubro próximo, posso garantir-lhe, Sr. Deputado, os Portugueses votarão por Portugal, e não pela Europa, como o senhor aqui afirmou.

Aplausos do PCP e risos do PSD.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Pela União Soviética é que não votarão, com certeza!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados faltam cerca de doze minutos para terminar o período de antes da ordem do dia. É ainda materialmente possível produzir uma das declarações políticas já inscritas. A Mesa avisa desde já que o tempo que nos resta, sendo escasso, será apenas suficiente para a produção de uma das declarações políticas. A seguir a esta declaração política, qualquer protesto, contraprotesto ou pedido de esclarecimento transitará para a próxima reunião.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Já se ri, Sr. Deputado Vital Moreira? Já está mais bem disposto! Ainda bem!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Estou, estou! Depois da coça que vos dei ontem, hoje estou muito mais bem disposto! Estou mesmo muito bem disposto!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, acaba de dar entrada na Mesa um requerimento, que é do seguinte teor: o Grupo Parlamentar Socialista requer o prolongamento do período de antes da ordem do dia, destinado a permitir que sejam pronunciadas as declarações políticas já anunciadas.

Os Srs. Deputados referem-se ao prolongamento de meia hora, como é regimental, não é verdade?

Vamos proceder à votação deste requerimento do PS.

Submetido à votação, foi rejeitado, com votos contra do PSD, do CDS, do PPM e dos Deputados reformadores e votos a favor do PS, do PCP, do MDP/CDE e do UDP.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Olha, não se abstêm!

O Sr. António Arnaut (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra, para fazer uma interpelação à Mesa.

O Sr. Presidente: - Tenha a bondade, Sr. Deputado.

O Sr. António Arnaut (PS) :- - Uma vez que o requerimento não foi aprovado e constituindo esse facto, para nós, uma desagradável surpresa, porque não supúnhamos que a maioria quisesse desta forma tão despudorada impedir o prosseguimento normal dos trabalhos, qual seja, a formulação de declarações políticas, pergunto a V. Ex.ª se, não obstante o indeferimento do requerimento, permite que as declarações políticas se façam na reunião de hoje. De facto é evidente e inquestionável que os partidos têm o direito de proferirem semanalmente uma declaração política. Sendo assim, Sr. Presidente, não há nenhuma lei, não há nenhum critério, não há nenhuma praxe que possa impedir que os partidos usem e exercitem esse direito. Não o tendo podido fazer ontem por uma interpretação inovadora que V. Ex.ª deu ao Regimento, os partidos têm o direito de o fazer hoje. Se V. Ex.ª o não permitir, V. Ex.ª está a violar o Regimento, coisa que eu não posso admitir, pelo conhecimento que tenho d e V. Ex.ª- também pela responsabilidade que vi ter V Ex.ª, nas suas funções,